Em encontro com empresários e investidores americanos em Nova York, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), admitiu que o pré-candidato tucano, Geraldo Alckmin, não tem carisma e enfrentará dificuldades ainda maiores para subir nas pesquisas por causa da crise na segurança pública em São Paulo. Segundo Tasso, para retornar ao Palácio do Planalto, o PSDB terá de convencer o eleitor que Lula é o grande responsável pelos escândalos de corrupção que abalaram o seu governo.
“Teremos de fazer uma grande campanha negativa para mostrar que ele (Lula) estava ciente da corrupção”, disse o senador, conforme relato da repórter Leila Swamm, da Folha de S. Paulo.
Falando para um grupo de cerca de 40 convidados no Conselho das Américas, o presidente do PSDB insistiu na importância de que as camadas mais pobres associem a corrupção a Lula, que até agora tem feito papel de vítima traída. “Todos os seus amigos (de Lula) foram responsabilizados. Lula não pode ficar impune. Alckmin só poderá ganhar se isso aparecer”, disse. “A imagem do PT foi totalmente danificada. Vão conseguir talvez dois governos. Mas Lula ainda é carismático, é difícil mudar isso na classe baixa. Estamos tentando tudo. Faremos o melhor possível.”
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“Lula foi hábil, conseguiu botar a culpa nos outros e fez papel de vítima. Derrubou um a um: José Dirceu, José Genoino, Antonio Palocci, Delúbio Soares, Silvinho Pereira. Queremos mostrar que é impossível o sujeito ser vítima de todos os amigos, é mais fácil que as vítimas sejam os amigos.”
Insegurança pública
Tasso admitiu que o ex-governador paulista terá profundos problemas para contornar o impacto da crise gerada pelos ataques ocorridos na última semana em São Paulo. “Será um profundo problema na campanha a partir de agora, mas não é algo que não possamos resolver. Não é um problema só de São Paulo (…). Precisamos encarar não só como problema social, mas de polícia e Legislativo”, disse, lembrando haver indicações de que Lula também é considerado responsável pela crise. “Parece haver uma identificação da população entre o PT e a desordem.”
Para minimizar o efeito negativo da crise na segurança, o PSDB definiu como estratégia focar na questão como problema nacional e internacional, alimentado por falhas federais no controle das fronteiras e do narcotráfico e nas deficiências da legislação penal, segundo o tucano. Apesar do discurso pessimista, Tasso disse que não há possibilidade de o partido trocar de candidato até as eleições.