Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse que apresentará proposta para que os futuros candidatos presidenciais do partido sejam escolhidos em prévias partidárias. Ele declarou que defenderá a adoção do sistema americano de eleições primárias.
“O PSDB deixou de ser um partido pequeno, que tinha suas decisões baseadas em poucas pessoas. Isso não funciona mais”, afirmou. Antes de deixar a presidência do partido, Tasso Jereissati quer realizar um congresso – ao qual pretende trazer social-democratas de variadas latitudes, até da Índia – para atualizar o programa tucano.
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Num recado ‘aos de sempre’, Tasso avisa que não sai da presidência nem um dia antes do fim de seu mandato, em novembro.
Confira alguns trechos da entrevista:
Quatro anos de oposição
“O PSDB deixou de ser um partido pequeno, que tomava suas decisões baseado em poucas pessoas. Os quatro anos de oposição nos deram um partido que, a meu ver, se solidificou. Um partido se solidifica na oposição, não no governo. A conseqüência é que deixamos de ser um partido que tem as suas decisões tomadas por um pequeno grupo e passamos a ser um partido bem mais complexo. Esse é o nosso PSDB. O grande desafio que temos agora é administrar esse nó”.
Apoio de tucanos a Chinaglia
“Houve uma decisão tomada por um pequeno número de pessoas, que achavam, a partir da antiga história do PSDB, que ela poderia ser definitiva. O PSDB não é mais isso. A reação foi gigantesca, em vários setores do partido, e se teve de voltar atrás. Esse episódio é um exemplo típico da transformação do PSDB. Não adianta mais eu me reunir com Fernando Henrique, Serra, Aécio, e tomarmos uma decisão, porque agora os temas perpassam as várias outras forças, que terão de ser ouvidas. Esse episódio foi o último suspiro de um partido que tomava decisões a partir de poucas pessoas”.
Prévia em 2010
“Eu estou preparando um projeto para entregar ao partido, mudando o processo de escolha do nosso candidato a presidente. Ainda não tenho ele todo desenhado” (…)
Formato da prévia
“O formato ainda não está desenhado e também não sabemos qual será a escolha do partido. Eu, pessoalmente, acho que deveríamos adotar o sistema das eleições primárias americanas, mas quem vai decidir o formato final é o partido. O que é certo é que acabou o sistema de três ou quatro pessoas escolherem o candidato”.
Escolhas dos governadores
“Os governadores devem continuar sendo escolhidos pelas convenções estaduais. Não faz sentido que o novo processo se estenda a governadores e prefeitos”.
Candidatura de Fruet
“Foi um caminho excelente, por várias razões. Primeiro, a questão da proporcionalidade já foi quebrada há muito tempo. A própria candidatura Arlindo Chinaglia não é resultante da proporcionalidade, o PT não é a maior bancada na Câmara. O presidente atual, Aldo Rebelo (PC do B-SP), não representava a proporcionalidade quando foi eleito. O presidente anterior a ele, Severino Cavalcanti, também não. O que é importante para o Congresso, agora, é restabelecer suas tradições, e isso começa por resgatar a credibilidade da Câmara, absolutamente arruinada. A candidatura de Fruet representa isso: a restituição da credibilidade da Câmara. E veja bem: aí está uma das mais brilhantes lideranças que o partido ofereceu ultimamente ao País e, reconhecidamente, um homem que tem lutado contra as confusões pouco recomendáveis que têm acontecido no Congresso”.
Programa do partido
“Nós precisamos atualizar o programa do partido. Quando o PSDB fez seu programa, ainda havia o Muro de Berlim e a social-democracia tinha uma visão dividida entre o capitalismo de cá e o comunismo de lá. Hoje o mundo mudou completamente e a social-democracia também tem de mudar, porque o mundo não está mais dividido. No agiornamento do nosso programa, temos de deixar bem claro o tipo de capitalismo que queremos para o País, qual o papel do Estado, qual o papel da empresa privada. Até para que essas coisas sejam discutidas com maior clareza nas próximas eleições, e não fiquem na zona cinzenta que nós ficamos em 2006. Nós queremos trazer gente de fora para discutir a social-democracia de hoje na Espanha, Portugal, Alemanha e até na Índia”.
Deixar a presidência do PSDB antes do prazo
“Não existe essa possibilidade. Eu não vou sair da presidência do PSDB nem um dia antes. Nós nos determinamos algumas missões: o novo programa, uma reestruturação administrativa e a aprovação de um nova processo para escolher o candidato à Presidência. O término dessas missões vai coincidir com o fim do meu mandato. Em novembro, como está previsto, nem um dia a mais, nem um dia a menos, haverá a convenção nacional para escolher a nova direção”.
Chapa Serra-Aécio para 2010
“Olha, eu colocaria o seguinte: o presidente Fernando Henrique é uma referência política que eu tenho na vida, um homem que mudou o Brasil. Tenho a maior facilidade de diálogo político com ele. Os seus sonhos são sempre respeitáveis. Mas o partido hoje não depende apenas do sonho de Fernando Henrique, do meu ou de qualquer outro sonho. O PSDB hoje é muito complexo e é isso que vai prevalecer no novo processo de decisão que nós vamos propor ao partido”.
Cabral defende debate sobre legalização de drogas
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), defende um debate mais aberto sobre a legalização de alguns entorpecentes. Em entrevista ao repórter Ricardo Miranda, do jornal Correio Braziliense, ele diz que não só o Brasil, mas o mundo precisa definir já o que é pior: manter a proibição indiscriminada ao uso de substâncias entorpecentes, e a guerra que dela deriva, ou legalizar algumas e passar a controlar o seu consumo, dentro de critérios de saúde pública.
“Deveríamos avançar na legalização de algumas drogas, discutir a legalização de algumas drogas. De maneira responsável, mas deveríamos”, afirmou o governador, sem apontar quais seriam essas drogas.
Confira alguns trechos da entrevista:
Primeiro mês de governo
“Enfrentamos três variáveis incontroláveis, mas conseguimos dar respostas imediatas à população. Primeiro, na área de segurança, tivemos uma pronta reação diante dos marginais, enviando para (o Presídio Federal de) Catanduvas (no Paraná) doze criminosos que comandam facções no Rio. Aí vieram as enchentes, onde foi decisiva a parceria com o governo federal. E a terceira onda veio com os danos ambientais que vieram de Minas (decorrentes do rompimento da barragem da Mineradora Rio Pomba Cataguases), ameaçando comprometer o sistema de água de várias cidades do Noroeste fluminense”.
Estado desorganizado
“O quadro é de desorganização. O estado do Rio é responsável por 15 milhões de clientes fixos, que são os moradores do estado, 6 milhões de clientes transitórios, que são os visitantes nacionais e estrangeiros, tem 220 mil servidores na ativa e 180 mil inativos. É uma grande máquina com uma arrecadação muito comprometida. Nosso desafio é arrumar a casa”.
Má gestão de antecessores
“Uma máquina como essa não se deteriora da noite para o dia, há um acúmulo de problemas. O que ocorreu é uma mudança de prioridades. Quando eu decido acabar com o Cheque-Cidadão e pegar o seu cadastro para o Bolsa Família, mostro minha visão de gestão, de otimização dos recursos públicos. Não faço juízo das pessoas, não faço política com o retrovisor”.
Relação com Garotinho
“Eu não estou preocupado com isso. Garotinho tem uma história política, tem sua trajetória, mas não vou gastar energia na polêmica. Não tenho nenhuma ambição, nem mesmo de ser reeleito. Juro por Deus que não tenho”.
Aproximação com presidente Lula
“O Rio padecia durante muitos anos de ausência de interlocução nacional, o que era uma verdadeira oligofrenia. O Rio tem uma marca internacional de integração, sua história foi construída com bom relacionamento. Vários entes políticos, a começar do presidente Lula, gostam do Rio, curtem o Rio, querem o bem do Rio, e lamentavam essa má relação. Havia no Rio uma onda muito negativa, para baixo. Um dos papéis centrais do governante é gerar o clima positivo, e o Rio vive hoje uma onda positiva”.
Descriminalização do uso de drogas
“Os americanos e europeus têm que ter coragem de entrar nesse assunto. O Primeiro Mundo tem que entrar nessa discussão. Essa não pode ser uma discussão do Brasil, mas do mundo, até da ONU (Organização das Nações Unidas). O mundo está pagando muito caro por essa proibição rígida. O planeta tem que rever esses conceitos porque isso está levando a milhões de mortes por ano no mundo. Quantas pessoas morrem na Ásia, na África, nas Américas, na Europa, por conta da proibição do tráfico de drogas? Quantas morreriam se houvesse um processo de legalização e controle? Tem que botar essa conta na mesa e o primeiro país a discutir isso tem que ser os Estados Unidos, como a principal nação do mundo desenvolvido e um grande consumidor de drogas. Enquanto isso se gastam bilhões de dólares por ano no mundo inteiro no combate à droga e os resultados são muito pífios e muita gente continua morrendo”.
Opinião pessoal sobre descriminalização de drogas
“Deveríamos avançar na legalização de algumas drogas, discutir a legalização de algumas drogas. De maneira responsável, mas deveríamos. Se feito de maneira controlada, (seria) um mal muito menor do que hoje. O saldo é muito negativo. Vivemos ainda o modelo pós-Segunda Guerra Mundial, que tem 60 anos”.
Redução da maioridade penal
“Tem que haver uma rigidez maior para crimes hediondos cometidos por menores, para que eles não sejam soltos aos 21 anos”.
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
“O PAC é um projeto nacional de integração, de desenvolvimento, que visa acelerar o crescimento brasileiro. O governo tem toda a razão de focar em projetos”.
MP investiga Assembléia Legislativa de Alagoas
O Ministério Público de Alagoas investiga há sete meses um suposto esquema de desvio de dinheiro público na Assembléia Legislativa do estado. Os promotores do Grupo de Combate às Organizações Criminosas querem saber como o Legislativo utilizou os repasses feitos pelo Poder Executivo nos últimos seis anos.
No ano passado, o total repassado foi de R$ 98 milhões. Neste ano, o Orçamento é de aproximadamente R$ 104 milhões. O procurador-geral de Justiça, Coaracy Fonseca, avalia que não há transparência nem informação sobre como a Assembléia usa esse dinheiro.
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