Em uma análise interna enviada neste domingo a lideranças petistas, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirma que os três temas importantes para um eventual futuro governo do presidente Lula são: coalizão, programa e reforma política.
Para o ministro, a coalizão terá que ser feita com base num forte processo de distribuição de renda, sustentado no crescimento econômico. Ele reconhece em seu texto que nenhum partido, isoladamente, nem um conjunto de partidos do mesmo espectro político tem condições de assumir esta tarefa de forma isolada.
Sem citar a aliança com setores do PMDB, Tarso Genro defendeu uma coalizão de centro-esquerda. Segundo ele, a aliança deve ser programática, e envolver os partidos em compromissos públicos. Numa clara referência à entrega de ministérios a partidos aliados, o ministro adverte para a possibilidade de essas legendas perderem seus espaços num eventual segundo mandato. "Tais compromissos, se não forem cumpridos, implicam na perda de espaço do partido na coalizão, evidentemente obrigando a que a mesma seja reorganizada", escreveu. Ele cobrou ainda fidelidade partidária dos aliados para garantir a governabilidade no Congresso.
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Em sua análise, Tarso Genro defendeu pontos específicos da reforma política e citou como prioridades a valorização dos partidos, a votação em lista partidária, a fidelidade partidária, para minimizar a barganha do voto parlamentar, e o financiamento público das campanhas. Para ele, a questão ética só será melhorada no Brasil com outro contexto político, dentro dessas novas regras.
Ele reconhece ainda que o PT tem cerca de um terço de intenções de voto no país e que, por isso, precisa formar alianças. Ele defendeu inclusive uma aliança com partidos como o PDT para o segundo mandato de Lula. "O PT não é um partido totalitário e sabe que tem um grande apoio no povo brasileiro, talvez um terço dos seus votos. Sabe, por isso, que para governar democraticamente precisa da colaboração de outras forças políticas democráticas, com programas semelhantes, mas diferenciados do nosso", escreveu Tarso.