A CPI dos Bingos também divulgou ontem uma tabela com valores da propina que supostamente era paga por empresas de ônibus de Santo André à prefeitura durante a gestão de Celso Daniel. O documento foi elaborado pelo Ministério Público de São Paulo com base nos depoimentos da empresária Ângela Grabili.
Ela relatou que as empresas pagavam propina por cada ônibus em circulação. O valor era calculado de acordo com o preço da passagem. Os recursos iam parar na “caixinha do transporte”. A CPI desconfia que o dinheiro era repassado para um caixa dois montado pelo PT para financiar as campanhas eleitorais de 2002.
A tabela mostra os valores da propina paga entre 1997 e 2001. Nesse último ano, segundo a tabela, as empresas Nova Santo André e Viação São José eram obrigadas a pagar R$ 550 por cada ônibus. Durante os cinco anos, a Nova Santo André, por exemplo, teria pagado R$ 198,53 mil em propina.
Além de Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, a CPI dos Bingos ouviu ontem o ex-secretário de Serviços Urbanos de Santo André Klinger de Oliveira e o empresário Ronan Maria Pinto, apontados pelo Ministério Público como participantes do suposto esquema de corrupção.
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Considerados suspeitos de participarem do assassinato do prefeito Celso Daniel, os três respondem por crimes de concussão e formação de quadrilha. Tanto Ronan como Klinger negaram a existência do esquema. Segundo o ex-secretário, os proprietários da empresa que fizeram a denúncia protelavam o cumprimento de cláusulas contratuais.
Pressão para “despolitizar”
Em seu depoimento, Klinger admitiu que houve pressão da parte de petistas para evitar que as investigações sobre o caso fossem “politizadas”. "A polícia foi pressionada para fazer a investigação e não politizar o caso", disse. Ele reafirmou que o prefeito foi vítima de crime comum.
Klinger disse ainda não acreditar que os outros dois depoentes de ontem, Sérgio Gomes da Silva e Ronan Maria Pinto, tenham participado do crime que vitimou o prefeito petista.
Celso Daniel foi seqüestrado em 18 de janeiro de 2002 e encontrado morto em um matagal dois dias depois. A Polícia Civil concluiu que tudo não passou de crime comum. Mas o Ministério Público estadual e a CPI dos Bingos desconfiam que o assassinato foi motivado por questões políticas. O ex-prefeito teria sido morto ao tentar desmantelar um esquema de corrupção, do qual participara, para arrecadar recursos para o caixa dois do PT.