Entregue ontem à Corregedoria da Câmara, o livro-caixa da empresa Planam, acusada de comandar um esquema de desvio de recursos do Orçamento da União para aquisição de ambulâncias superfaturadas, aumenta a lista dos parlamentares suspeitos e pode dar novo rumo às investigações, desencadeadas pela Operação Sanguessuga. Os registros apresentados pelo delegado federal Tardelli Boaventura, responsável pelo caso, apontam pagamentos entre R$ 5 mil e R$ 50 mil, feitos desde 2001, a 13 deputados federais, além de ex-deputados e outros políticos.
A comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara investiga atualmente 16 deputados sob suspeita de envolvimento no esquema. Segundo relato de pessoas que tiveram acesso à nova lista, há vários nomes de parlamentares em uma coluna do livro-caixa da empresa denominada "contas a pagar".
Entre eles, estariam os dos deputados Nilton Capixaba (PTB-RO), 2º Secretário da Câmara, Pedro Henry (MT), ex-líder da bancada do PP, Paulo Baltazar (RJ), ex-líder do PSB, Iris Simões (PTB-PR) e Teté Bezerra (PMDB-MT). Capixaba, Henry, Simões e Teté.não estão na lista dos investigados pela sindicância. Também apareceriam na relação os nomes do ex-presidente do PTB e ex-deputado José Carlos Martinez (PR), morto em acidente aéreo em 2003, e o do ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT).
Leia também
"São dados extremamente importantes. Nomes que foram citados podem ser excluídos. Mas nomes que não foram citados podem ser acrescentados", afirmou o relator do caso, deputado Robson Tuma (PFL-SP).
Os documentos foram apreendidos na sede da empresa Planam. A PF suspeita que a companhia pagava propina a deputados em troca de emendas no orçamento federal para a compra de ambulâncias. Tuma disse também que os papéis serão utilizados para cruzar informações e apurar quais deputados estão realmente envolvidos na fraude. Para isso, ele pediu a Tardelli as gravações originais, feitas pela Polícia Federal, de conversas telefônicas entre pessoas envolvidas no escândalo.
Os nomes de parlamentares supostamente envolvidos no esquema haviam surgido com base em escutas e investigação da PF. A Operação Sanguessuga listou 63 suspeitos. Em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público, a ex-funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, apontada como braço da quadrilha no Executivo, citou 81 envolvidos.
Nos registros da Planam há ainda uma lista com o acompanhamento das emendas apresentadas por deputados e senadores ao Orçamento para compra de ambulâncias. Nas planilhas, aparecem o município ao qual se destinava a emenda, o valor aprovado, o nome do deputado responsável pela apresentação e até a senha secreta de acompanhamento do projeto, fornecida pelo Ministério da Saúde.
O vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), subiu ontem à tribuna para contestar a ex-assessora do Ministério da Saúde que o citou como um dos beneficiários do esquema. Dizendo-se indignado, Nonô criticou a divulgação de nomes de parlamentares antes do aprofundamento das investigações e afirmou que irá processar os responsáveis pelo "enxovalhamento" do seu nome. "Nada devo, nada temo", disse.
Deixe um comentário