Sônia Mossri |
No complicado jogo de xadrez em que se transformou, o PMDB passou a semana anterior à explosão do escândalo Waldomiro-bicheiro usando um bom argumento para tentar aumentar seu passe junto ao governo Lula: a ameaça de formação de um bloco de oposição, reunindo as bancadas do PSDB e PFL – negada pelos líderes dos dois partidos. O novo líder do PMDB, José Borba (PR), discutiu o perigo de uma aliança do PFL com o PSDB na Câmara, o que afetaria as votações de matérias de interesse no governo. Borba tem dito que a formação desse bloco poderia ser desastrosa para o Palácio do Planalto. Na prática, nada mais natural que dois partidos de oposição se unam. A eventual formação desse bloco foi o prato principal de uma reunião de Borba com o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo na semana passada. Esse tema também foi levado ao ministro-chefe da Articulação Política, José Dirceu. Leia também O caso Waldomiro deixa em segundo plano a ameaça de união formal do PFL e do PSDB na Câmara. Agora, existe uma ameaça mais forte, o que aumenta a importância do PMDB para o Palácio do Planalto. Eunício Borba, parlamentar do chamado “baixo clero”, ganhou notoriedade como “pianista” por quase ter o seu mandato cassado em 1998, quando foi flagrado votando no lugar do conterrâneo Waldomiro Meger(PFL-PR). Na época, Borba estava no PTB. Ele chegou à liderança do PMDB graças ao ex-líder Eunício Oliveira. Antes de assumir o Ministério das Comunicações, Eunício fez questão de deixar no seu lugar um homem de confiança que lhe garantisse a manutenção do comando da bancada do partido na Câmara. O desejo de Eunício é se tornar um dos principais articuladores do governo com o Congresso. Seus colegas de partido acreditam que essa pretensão é difícil de ser atingida. Não pelas qualidades do ministro, mas pelo simples fato dele ter ganho uma pasta sem recursos para distribuir entre parlamentares e também pela concorrência com os assessores de Lula no Planalto. Mágoas no Senado Se, na Câmara, a bancada do PMDB está pacificada, no Senado a situação está longe de ser calma. O senador Maguito Vivela (PMDB-GO) promete vingança por ter sido preterido duas vezes seguidas pelo próprio partido e pelo governo: não ganhou o Ministério da Previdência nem a liderança do governo no Congresso. Maguito não hesita em apontar um culpado: Renan Calheiros. Ele tem dito que foi enganado pelo colega, que lhe prometeu a Previdência. Seu nome não foi aceito pelo Planalto e acabou ficando sem o prêmio de consolação, que seria substituir Amir Lando na liderança do governo. Maguito tem ameaçado, inclusive, criar problemas para Renan na convenção do partido, em março. Até lá, Renan tenta acalmar Maguito com a promessa da relatoria do Orçamento. |
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