O vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT) se ofereceu para ir preso com o ex-presidente Lula, condenado a 12 anos de cadeia, “se for possível da parte da Justiça”. Pré-candidato ao Senado nas eleições deste ano, Suplicy disse ter cumprimentado Lula ontem (quarta, 4) à noite, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) negou ao ex-presidente a concessão de um habeas corpus para não evitar a prisão.
A sugestão de Suplicy está publicada nas redes sociais, junto com a imagem abaixo, e critica a postura do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba (PR), que condenou Lula em primeira instância a nove anos de cadeia, por corrupção e lavagem de dinheiro – pena aumentada no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS), para 12 anos de reclusão. Para o vereador petista, Lula não teve direito à ampla defesa e foi alvo de injustiça.
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Primeiro senador da história do PT, Suplicy disse ter conversado com Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde o ex-presidente acompanhou o julgamento do habeas corpus com cerca de 400 correligionários. “[] transmiti a ele que quando ele for preso, se for possível da parte da Justiça, disponho-me a acompanhá-lo e ficar com ele, até que tenha de fato um julgamento em que se dê a ele o mais completo direito de defesa, o que não lhe foi permitido perante o juiz Sérgio Moro e no TRF-4″, escreveu o vereador, no relato sobre o encontro.
Fidelidade não correspondida
O Congresso em Foco mostrou com exclusividade, em janeiro de 2015, que ele encerrou seu mandato no Senado naquela legislatura sem ter sido recebido uma só vez pela então presidente Dilma, que iniciava seu segundo e interrompido mandato. Havia um ano e meio, àquela época, que o então senador aguardava ser chamado pela presidente, em pedido que foi reiterado pessoalmente em dezembro de 2014, quando ele a cumprimentou durante sua cerimônia de diplomação. Fiel às gestões de Lula e Dilma, o político paulistano não encontrou reciprocidade na cúpula petistas.
Em 27 de janeiro de 2015, quatro dias antes de deixar seu mais recente mandato no Senado, Suplicy enviou uma carta a Dilma, obtida também com exclusividade pela reportagem deste site, em que questiona se alguém do Palácio do Planalto queria impedir o encontro entre os dois. Novo e-mail foi encaminhado dois dias depois da correspondência ao gabinete da petista, com o mesmo propósito. Inexplicavelmente, nenhum retorno presidencial havia sido feito àquele época.
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Leia a postagem de Suplicy no Facebook:
Ao cumprimentar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva agora a noite, no Sindicato dos Metalúrgicos, em SBC, transmiti a ele que quando ele for preso, se for possível da parte da Justiça, disponho-me a acompanhá-lo e ficar com ele, até que tenha de fato um julgamento em que se dê a ele o mais completo direito de defesa, o que não lhe foi permitido perante o juiz Sérgio Moro e no TRF-4.
Do STF, destaco a clareza didática do Ministro Celso de Mello que, primeiro condenou veementemente as palavras de um General que ameaçou dar um golpe militar, caso fosse dado o Habeas Corpus para o Lula e depois ao ressaltar a relevância do inciso LVII do Artigo 5o. da Constituição: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado em sentença penal condenatória”, o que ainda não aconteceu com Lula.
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