Wilson Dias/ABr
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) quer tornar o Senado mais transparente. Ele está pedindo ajuda aos colegas para elaborar um projeto de resolução que permita divulgar, em tempo real, os gastos dos parlamentares – como a verba indenizatória e as viagens oficiais. Suplicy pretende formalizar em agosto a proposta. "Alguns gastam 20% ou 30% dessa verba indenizatória, outros mais. Por que não darmos transparência a esses gastos?", questiona.
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Tais informações, assim como aquelas relativas à assiduidade dos parlamentares, já são divulgadas hoje pela Câmara dos Deputados, mas não pelo Senado. Suplicy diz não saber, no entanto, se a instituição a que pertence está atrás da Câmara quando o assunto é transparência. "O importante é que possamos dar transparência ao que acontece", limita-se a afirmar.
Em entrevista ao Congresso em Foco, ele também mediu as palavras ao falar da conduta ética de seus pares. Usou cinco vezes o verbo "averiguar" e suas variantes ao tratar do tema. Membro do Conselho de Ética, que investiga o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), demonstrou assim preocupação em evitar julgamentos antecipados.
Defensor de uma investigação profunda das acusações contra Renan, ele evita ainda polêmica com o governo e o seu partido, que estão empenhados em apoiar o presidente do Senado. "Tenho sido respeitado dentro do PT por essa posição que tenho mantido", afirma. "Em nenhum momento, qualquer pessoa do Palácio do Planalto veio a mim para dizer que eu estava tendo um procedimento incorreto".
Eleito no ano passado com quase 9 milhões de votos para o seu terceiro mandato como senador, Suplicy, 66 anos, mostra confiança na capacidade do Senado de apurar irregularidades cometidas por seus parlamentares. Lembra, nesse sentido, a cassação de Luiz Estevão (PMDB-DF), em 2000, e a renúncia, em 2001, de Antônio Carlos Magalhães (então no PFL-BA) e José Roberto Arruda (então no PSDB-DF) – ambos, hoje do DEM. E, sobre a crise atual, completa: "Não é uma crise além da conta", acrescenta, enfatizando que o Senado está cumprindo seu papel na apuração das denúncias feitas contra Renan.
Confira os principais trechos da entrevista:
No caso Renan Calheiros, o senhor tem mostrado uma posição independente, assim como os relatores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS). Como isso influencia suas relações com o PT e com o Planalto, já que o senhor é da base do governo?
Constitui diretriz do Partido dos Trabalhadores a defesa da ética e, então, constitui meu dever como senador do PT e de São Paulo ter um procedimento responsável, equilibrado, isento, inclusive como membro do Conselho de Ética. Em qualquer circunstância que um senador – pode ser qualquer um dos 81 senadores, qualquer um de nós – tiver contra si uma representação perante o Conselho de Ética para analisar s