O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse há pouco ao Congresso em Foco que as declarações do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), contra a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, são “ofensivas” e “não constroem”. Mais cedo, depois de tomar conhecimento de que a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra (considerada “braço direito” de Dilma), teria sido a responsável pelo dossiê sobre gastos do governo Fernando Henrique Cardoso com cartão corporativo, Virgílio subiu a tribuna do plenário e disse que "aconteceu o alopramento da ministra Dilma. Ela é aloprada”.
“Eu acho que, quando o senador Arthur Virgílio utiliza termos ofensivos para se referir a ministros de Estado, ele não constrói. Ele acaba dificultando a possibilidade de o Congresso Nacional chegar a um entendimento em relação a assuntos de interesse da nação brasileira”, disse Suplicy.
Leia também
Para o petista, a ministra deveria se antecipar à CPI Mista dos Cartões Corporativos – cuja maioria governista conseguiu a rejeição de quatro convocações para a ministra Dilma – e prestar esclarecimentos.
“Diante da nova circunstância ocorrida, e para que haja um esclarecimento cabal dos fatos – e ainda porque eu acredito na boa fé, seriedade de propósitos e na retidão da ministra Dilma –, acho que ela pode tomar a iniciativa de fazer uma visita ao Senado, dialogar com os senadores”, aconselhou o senador. “E ela deve fazer isso logo.”
Ao sugerir a antecipação, Suplicy tomou como exemplo a denúncia, por parte de Arthur Virgílio, de que o Brasil teria enviado toneladas de armas e munições em circunstâncias nebulosas para a Venezuela, em vôos da aérea TAM. Na ocasião, as acusações foram categoricamente refutadas pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que foi pessoalmente ao gabinete do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), com documentos que mostraram ser infundadas as informações de posse de Virgílio (leia).
“Quem sabe Dilma possa seguir o exemplo [de Jobim]…”, imaginou Suplicy, que não acredita em produção de dossiê com objetivos escusos – como chantagem contra oposicionistas na CPI, como acusa a oposição. “Acredito que tenha havido boa fé [na organização de um ‘banco de dados’ sobre gastos do governo FHC e da atual administração, como alegou a própria ministra Dilma]. Eles quiseram ter as informações necessárias. Acho importante que o governo possa colocar as informações de ambos os governos de maneira clara”, defendeu o petista.
Hoje (28), a Casa Civil divulgou nota em que volta a negar a existência de dossiê com fins indevidos e isenta a secretária-executiva da Casa Civil de participação na reunião de dados. Para Suplicy, a opinião pública vai entender que alguns dispêndios são necessários para que instituições como os Palácios do Planalto e da Alvorada desempenhem suas atribuições de forma conveniente. (Fábio Góis)
Deixe um comentário