O substituto de Romero Jucá à frente do Ministério do Planejamento foi alvo de quebra de sigilos bancário e fiscal pelos investigadores da Operação Zelotes, que apura esquema de venda de medidas provisórias em favor de indústrias automobilísticas e fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Secretário-executivo do Planejamento desde a semana passada, Dyogo Henrique Oliveira substituirá Jucá, que volta ao Senado após a divulgação de áudio em que defende a troca de governo e um “pacto” para “estancar a sangria” da Operação Lava Jato.
Dyogo era secretário-executivo do Ministério da Fazenda desde o final do ano passado. O novo ministro interino foi citado em inquérito da Zelotes, mas não chegou a ser indiciado. Ele foi apontado como um dos possíveis contatos dos réus da operação no governo para negociar textos de medidas provisórias, de acordo com o delegado Marlon Cajado.
O secretário-executivo foi ouvido pela Justiça Federal como testemunha. Na ocasião, admitiu ter recebido o lobista Mauro Marcondes, um dos réus da Zelotes, para discutir o teor de MPs e não teve qualquer interferência na tramitação das propostas. Em nota divulgada à imprensa, a assessoria dele informou que Dyogo colaborou com as autoridades policiais por ter ocupado, à época dos fatos, os cargos de secretário-adjunto de Política Econômica (2008 a 2010) e secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, entre 2011 e 2013. “Além disso, deve-se ressaltar que o secretário é servidor concursado e qualificado para o cargo que ocupa e que teve seu desenvolvimento profissional calcado exclusivamente na sua competência e capacidade técnica”, informou a assessoria.
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As medidas provisórias suspeitas (MPs 471 e 512) ampliaram o prazo de incentivos fiscais dados às montadoras de veículos instaladas no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste.