O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Teori Zavascki, homologou o acordo de delação premiada do ex-senador Sérgio Machado (PMDB-CE), ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras. Com a homologação, as declarações gravadas por Machado envolvendo lideranças do PMDB passam a ter valor jurídico e novos inquéritos deverão ser autorizados pelo Supremo.
Ao menos três peemedebistas tiveram conversas gravadas pelo ex-senador: o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o senador Romero Jucá (RR) e o ex-presidente José Sarney. Os áudios de Renan e Jucá já foram publicados pela Folha de S.Paulo. O segundo teve de deixar o Ministério do Planejamento após a repercussão de suas declarações. Entre elas, a de que era preciso trocar o governo e fazer um acordo para “estancar a sangria” da Lava Jato.
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Amigo de Renan, o ex-presidente da Transpetro foi delatado por um executivo de empreiteira, que contou ao Ministério Público Federal que o peemedebista utilizava uma conta para receber propina. Para evitar a prisão, o ex-senador buscou um acordo de delação premiada e gravou seus colegas de partido.
Sérgio Machado é investigado no Supremo por suspeita de ter envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras. Em dezembro, sua casa foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal e do Ministério Público Federal em um dos desdobramentos da Lava Jato.
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contou, em sua delação premiada, que recebeu R$ 500 mil do ex-presidente da Transpetro como parte de um pagamento de propina referente ao fretamento de navios entre 2009 e 2010.
Considerado padrinho de Machado na Transpetro, Renan defendeu mudança na lei para evitar que presos possam colaborar com as investigações em troca de benefícios da delação premiada. Ainda na conversa, divulgada nesta quarta pela Folha, o senador diz que “todos os políticos estão com medo da Lava Jato” e demonstra preocupação com os depoimentos do ex-senador cassado Delcídio do Amaral (MS). “Deus me livre, Delcídio é o mais perigoso do mundo. O acordo [inaudível] era para ele gravar a gente”, disse o presidente do Senado a Sérgio Machado.