Leia também
Outros destaques de hoje no Congresso em Foco
“Ele é muito bom, ele provoca, consegue mexer com as emoções com a gente quando vai apertando…”, disse Paim, referindo-se às perguntas feitas pelo diretor de Hollywood. “Por isso ele tem esse conceito em nível mundial. Chorei quando ele me perguntou porque os negros estão nessa situação aqui no Brasil. Eu comecei a lembrar da situação do povo negro na favela, na prisão, nas fábricas, na luta para chegar a uma universidade, a política de cotas. Lembrei, inclusive, da minha infância, quando eu era proibido de entrar em clubes em que negros não entravam”, acrescentou o senador, enquanto Spike conversava ao seu lado com membros de sua equipe.
O senador disse que Spike tocava nas “feridas” relacionadas à questão do preconceito ao fazer suas perguntas. “Eu sentia que ele estava apertando na ferida. E dói lembrar que, em meu país, em minha pátria, a questão do preconceito ainda é tão forte”, acrescentou Paim, lembrando o fato de que o STF julgou hoje (quinta, 26) a constitucionalidade das cotas para negros em universidades federais. “O Supremo, mais uma vez, se antecipa ao Congresso Nacional, porque o Congresso até hoje não votou a política de cotas”, arrematou Paim, queixando-se ainda das “dificuldades” que encontrou ao aprovar o Estatuto da Igualdade Racial.
Palavra de Spike
A produção de Spike Lee, em um primeiro momento, disse que o cineasta não falaria à imprensa. Sobre o documentário, nenhuma palavra além do óbvio – os temas e o fato de o Brasil ser um dos cinco países a serem visitados. A assessoria de Spike disse que um deputado também foi entrevistado, mas que não poderia revelar seu nome. Mas a reportagem aproveitou o momento de emoção de Paim, seguido de uma descontração momentânea – Spike já havia cumprido sua missão no Senado – e conseguiu algumas palavras do diretor.
“Fiz dois documentários sobre o [furacão] Katrina, em Nova Iorque. E eu sempre amei o Brasil. Hoje, tive a oportunidade de fazer um documentário sobre o Brasil de hoje e o Brasil do futuro, digo, o Brasil é considerado uma nova superpotência”, disse Spike, lembrando que o país sediará grandes eventos internacionais nos próximos anos.
“O mundo inteiro estará vindo para o Brasil muito em breve, com a Copa do Mundo e as Olimpíadas, por isso acho que é um momento muito importante para se olhar para essa potência emergente”, completou o diretor, informando que esta é a quarta das cinco viagens que estão programadas para a feitura do documentário, e que assuntos diversos, como arte, esporte e educação também serão abordados no documentário. “O documentário todo não vai ser só sobre raça, mas eu tinha de falar sobre o assunto num dia em que a Suprema Corte [STF] está tratando disso. Seria estúpido vir aqui e não falar sobre isso.”
Saiba mais sobre o Congresso em Foco (dois minutos em vídeo)