A Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp) adiou para o próximo mês a apuração das denúncias de participação do líder do PSDB na Casa, deputado Mauro Bragato, em irregularidades na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).
Ontem, o Conselho de Ética da Alesp rejeitou pedido de abertura de processo para investigar o caso e remeteu a representação de volta à Mesa Diretora para que sejam solicitadas mais informações à Procuradoria Geral de Justiça do estado. Como os deputados estaduais entram em recesso a partir de hoje, os documentos só devem chegar em agosto.
"Votamos a LDO e vamos para casa", comemorou o líder do PPS, Roberto Moraes, aliado do tucano.
De acordo com investigações do Ministério Público e da Polícia Civil de São Paulo, Bragato é suspeito de ter recebido propina da construtora FT, que está no epicentro do escândalo da "máfia da CDHU".
O esquema envolve políticos, empresários, advogados e funcionários da CDHU. Já foram presas 17 pessoas acusadas de envolvimento com o grupo que superfaturava obras da companhia.
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Em depoimento à polícia, Edson Menezes, ex-mestre-de-obras da FT, afirmou que levava envelopes com dinheiro (R$ 1,5 mil a R$ 4 mil) ao escritório de Bragato, na época secretário de Habitação do governo Alckimin.
Bragato nega e atribui a acusação a disputas regionais. "É uma malandragem desse cidadão, que era funcionário da empresa e se apresentava como presidente de uma associação de mutuários", disse. O deputado afirma não temer as investigações: "Eu tenho muito interesse em esclarecer tudo isso".
Em maio deste ano, o PT chegou a pedir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias, mas a CPI foi barrada graças a articulações dos tucanos. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o governador José Serra e o ex-governador Geraldo Alckimin trabalharam para evitar o aprofundamento as investigações.
"Isso está sendo investigado pelo Ministério Público e pela polícia. Melhor investigação que essa, impossível. Naturalmente haverá quem queira dar repercussão política antes mesmo de ter aprofundamento da investigação feita pelo Ministério Público e pela polícia, que, ao meu ver, são o caminho natural", disse, na época, Serra. (Carol Ferrare)