O senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu há pouco aos seus pares para que adiem para a tarde desta quinta-feira (13) a votação da proposta que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
O gaúcho pediu para que os senadores reflitam a respeito da proposta do governo. O Planalto propôs aplicar todos os recursos da CPMF na área da saúde até 2011, ou permanecer com o tributo até 2009, e votar a reforma tributária no próximo ano.
“Qual é a diferença de votar agora (00h01) e votar daqui a 11h59?”, questionou o gaúcho. Derrotado na disputa para a sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado e muito criticado tanto pelo governo quanto pela oposição por sua independência, ele acabou protagonizando um dos momentos mais importantes da sessão iniciada às 18h de ontem (quarta, 12).
"O presidente Lula diz que não acredita em mim. Pois bem, eu acredito nele", disse Simon, exibindo cópia da carta encaminhada por Lula ao Senado. "Acredito nisso. Acredito na palavra do presidente e acredito mais ainda na palavra escrita do presidente Lula. E o que ele está dizendo? Que a arrecadação da CPMF vai toda para a saúde. Ora, é uma grande vitória. É o que queremos desde que a CPMF foi criada. E diz que a CPMF será prorrogada por mais um ano e que nesse período faremos a reforma tributária, pela qual lutamos há 11 anos".
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"Estamos aqui", continuou ele, "numa bela sessão, uma sessão de debate, uma sessão de intensa participação de todos os senadores. Até parece que é um baita Senado e é um baita Congresso. Mas é uma votação de Pirro. Ninguém ganha se a proposta for derrotada e ninguém se ela for aprovada nesse clima de emoção. Por isso, faço um apelo dramático. Já é quinta-feira. Já é amanhã. Vamos estudar isso que o governo está propondo e daqui a 12 horas, nem isso, daqui a 11 horas e 56 minutos, vamos votar, verificando se não há mesmo possibilidade de entendimento".
"Se há alguém que deveria estar machucado aqui sou eu. No entanto, ouço o apelo do governo e acho que ele deve ser levado a sério. Dizem que chegou tarde. É verdade, mas chegou. Dizem que o governo foi arrogante, não negociou antes. É verdade, mas agora está fazendo a proposta, e não podemos simplesmente ignorá-la. Estou com 77 anos, e peço. Ouçam esse apelo desse seu irmão mais velho: vamos votar, mas vamos votar verificando o que é o melhor não para o governo ou para a oposição, mas para o Brasil. Se temos uma oportunidade de fazer a reforma tributária, de elevar os recursos para a saúde, por que não votar daqui a algumas horas, ainda hoje?" (Rodolfo Torres e Sylvio Costa)