Fábio Góis
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) subiu hoje (26) à tribuna do plenário para fazer duras críticas ao projeto de reestruturação administrativa do Senado. Ao ler trechos de documento em que aponta diversas ingerências a respeito do trabalho – que foi anunciado com entusiasmo pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-RR), no final do ano passado –, Simon demonstrou o que considera ser “trabalho para inglês ver” e desafiou quem defende a reformulação.
“A Casa nunca sentou para debater [a reforma]. Eu desafio que me digam!”, vociferou o peemedebista, que costuma confrontar Sarney em ocasiões diversas, inclusive em plenário. “O problema é a análise do que é [a realidade do Senado], do que deve ser e do que será.”
O depoimento de Simon, aparteado por senadores como Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Suplicy (PT-SP), centra fogo no inchaço funcional da Casa, que têm cerca de 10 mil servidores, e no que ele considera desdém pelo trabalho encomendado pelo próprio Senado à Fundação Getúlio Vargas. A instituição foi contratada em duas ocasiões – ao todo, o trabalho custou quase R$ 500 mil aos cofres públicos.
Segundo o senador gaúcho, a cúpula do Senado legisla em causa própria. “Esse plano de carreira que domina a Casa é a única coisa de que se fala, é o que se respira”, bradou Simon, desferindo crítica especial ao departamento que seria responsável pelas propostas de aprimoramento administrativo.
“Esse conselho de administração, que há quase 15 anos não se reunia, apresentou projeto substitutivo que desfigurava o plano da FGV!”, acrescentou Simon, em mais um trecho do documento que lê na tribuna.
“Saiu Agaciel [Maia, ex-diretor-geral do Senado], mas a Casa continua ‘agacielizada’”, disse Jereissati, que apresentou hoje emendas ao novo regimento interno do Senado, em referência ao pivô do maior escândalo da história da instituição, a emissão dos atos secretos administrativos.
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