O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira pediu à cúpula do partido que tente obter uma liminar junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para desobrigá-lo de prestar depoimento na CPI dos Bingos, na próxima quarta-feira (10).
Ele também mandou avisar que fará tudo para não comprometer ainda mais a legenda no escândalo do mensalão. O maior temor entre dirigentes petistas e governistas é o de se transformar Silvinho, como é chamado, num “homem-bomba”, depois da entrevista publicada ontem em O Globo, na qual revelou detalhes dos planos do empresário Marcos Valério de Souza.
O articulador político do governo e ministro das Relações Intitucionais, Tarso Genro, sustenta a tese de que Pereira está “desequilibrado” e que a oposição quer fazer “teatro” com suas declarações.
Integrante da CPI dos Bingos, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) afirmou ontem que Pereira precisa esclarecer as declarações que deu à imprensa.
“Ele disse que só mexia com distribuição de cargo. Ora, ele tem de explicar como eram oferecidos e o que se cobrava em troca”, disse. “De acordo com ele, o esquema era para levantar R$ 1 bilhão, mas como? E quem sabia disso? O presidente Lula”, afirmou Tuma.
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O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) explicou que a oposição deve explorar dois pontos principais em um eventual depoimento do ex-secretário-geral petista à comissão parlamentar.
“Primeiro temos de pressioná-lo para apresentar os tais documentos que, na última hora, não quis entregar ao jornal. Outra coisa é obter mais detalhes sobre essa afirmação de que o Lula comandava o partido. Isso é uma acusação de que o presidente era o número um do esquema”, disse Dias.
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Na entrevista ao jornal, Silvio Pereira afirma que Valério pretendia ganhar R$ 1 bilhão em esquemas que acabaram não prosperando, envolvendo os bancos Econômico, Mercantil de Pernambuco e Opportunity, do empresário Daniel Dantas. Segundo Silvio, Valério também pretendia atuar com passivos na área de agropecuária.
Silvio também dá indícios de que as fraudes em licitações continuam no governo Lula, afirmando que “deve haver cem Marcos Valérios por aí”.
O ex-secretário-geral também menciona o presidente Lula, afirmando que, ao lado de José Dirceu, José Genoíno e Aloizio Mercadante, ele mandava no PT.