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Investigado por crime eleitoral no Supremo Tribunal Federal (STF) em quatro ações penais e três inquéritos, o deputado Ronivon Santiago (PP-AC) entrou indiretamente no esquema de Marcos Valério pela boca do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Pela voz de Severino, a cúpula do PP decidiu, no começo desta semana, dar uma terceira versão para os saques feitos por João Cláudio Genu no Banco Rural em Brasília: a de que cerca de R$ 700 mil dos R$ 850 mil retirados por Genu no Banco Rural bancaram advogados do deputado acreano. “O dinheiro que eles receberam, segundo informações que eles me deram há pouco tempo, foi para pagar serviços profissionais de advogados dos processos que existem contra o deputado Ronivon Santiago. O dinheiro que entrou foi para pagar os processos juntamente a esses advogados. Isso vai ser apresentado nas explicações na CPI e no Conselho de Ética. O Genu sacou setecentos e poucos mil reais para isso”, afirmou Severino à Folha . Leia também O presidente da Câmara, contudo, não soube informar como foram empregados os cerca de R$ 150 mil restantes dos saques de Genu. Ontem, foi a vez de um dos advogados de Ronivon, Paulo Goyaz, novamente à Folha , ratificar a mesma versão. Contudo, deu outros números. Disse que para defender o deputado de 36 ações judiciais por suposta compra de votos recebeu R$ 1 milhão em dinheiro. Ao se escudar em “sigilo profissional”, Goyaz não informou ter recibos nem contratos assinados com o PP. Permaneceu, entretanto, a discrepância de valores. Severino disse que foram sacados R$ 700 mil, enquanto o advogado falou ter recebido cerca de R$ 1 milhão. “ Recebi quase R$ 1 milhão. Descontados impostos, deu R$ 700 mil líquidos. O valor me foi entregue em dinheiro, na tesouraria do PP, que fica em uma sala da Câmara”, disse Goyaz, que ressaltou ainda ter outros R$ 240 mil a receber. Na verdade, a tesouraria fica no Senado. Uma mão lava a outra O deputado Ronivon, que renunciou ao mandato em 1997 para não ser cassado, declarou ao Tribunal Regional Eleitoral de seu estado (TRE-AC) ter gastado R$ 39,7 mil na campanha de 2002. Os pagamentos que, segundo Severino, o PP fez ao advogado equivaleriam ao valor de 25 campanhas declaradas por ele. A barata campanha política de Ronivon para os padrões acreanos chamou a atenção o Ministério Público Eleitoral. Ele foi então questionado. Nas ações em tramitação no STF, o MP o acusa de abuso de poder econômico, corrupção e compra de votos na eleição. O TRE cassou o mandato de Ronivon. Contudo, o parlamentar se mantém no cargo com base em liminares da Justiça e com o apoio de Severino Cavalcanti. Uma vez cassado pela Justiça Eleitoral do estado, caberia ao presidente da Câmara assinar o ato de perda de mandato. Severino não o fez. A primeira versão do partido, apresentada em nota assinada pelo presidente nacional da legenda, Pedro Corrêa, em 6 de junho de 2005, contestava a denúncia feita por Roberto Jefferson. “Afirmo veementemente que não tenho conhecimento de que nenhum membro do Partido Progressista tenha recebido ajuda financeira do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), senhor Delúbio Soares”, afirmou. Uma semana depois, no dia 13, o líder do partido, José Janene, entrou com uma representação por crime de imprensa, por calúnia e difamação, contra Jefferson. No dia 21 de julho, o paranaense admitiu que Genu havia sacado para o partido R$ 1,35 milhão do PT. Janene disse que o dinheiro foi usado para saldar dívidas da campanha de 2002. “O PT ficou de ajudar os partidos que estavam dando apoio ao governo. Tínhamos que deixar o partido em ordem para 2004. Eram saldos devedores de 2002. Tentamos fechar alianças com o PT para as eleições municipais. Como isso não aconteceu, o repasse cessou”, explicou o líder ao Jornal do Commercio . |