Composto por políticos experientes, como ex-deputados, ex-prefeitos, ex-governadores e até um ex-presidente da República, o Senado viveu dias pra lá de tensos em 2016. Em alguns momentos, a chamada Casa Alta do Congresso Nacional mais pareceu um colégio de adolescentes, com troca de xingamentos e ofensas e ameaças de agressão física. Até a turma do “deixa disso” teve de entrar no circuito para tentar acalmar os ânimos. Os embates mais quentes ocorreram nas discussões do processo de impeachment da ex-presidente Dilma. Mas não foram os únicos.
Os senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Lindbergh Farias (PT-RJ) protagonizaram as principais cenas. Mas a bancada dos “esquentadinhos” é suprapartidária. Também se envolveram em bate-boca este ano senadores como Renan Calheiros (PMDB-AL), Aécio Neves (PSDB-MG), José Medeiros (PSD-MT), Kátia Abreu (PMDB-TO) e Gleisi Hoffmann (PT-PR).
“Mentiroso” x “Fala lá fora”
Em 2 de maio, Caiado chamou Lindbergh para brigar “lá fora” depois de ser chamado de “mentiroso” pelo colega. O clima esquentou e a reunião da comissão do impeachment teve de ser suspensa. Em outra oportunidade, Caiado sugeriu que o petista estava drogado e deveria se submeter a um exame antidoping.
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Cara de pau x exame antidoping
Em julho, os dois voltaram a se estranhar. Lindbergh chamou Caiado de “cara de pau” por ele ter mudado de opinião quanto ao projeto de lei (PL 32/2016) que previa o reajuste aos servidores da Defensoria Pública. À época do governo Dilma, ele era a favor do aumento. “Não dirijo a ele como senador, mas como médico. Sabe por quê? Porque eu tenho notado que ele tem salivado muito, com as pupilas muito dilatadas. Ele devia primeiro apresentar as condições em que ele está aqui no Senado para poder aí sim enfrentar um debate de conteúdo”, atacou o goiano.
O líder do DEM e o atual líder da oposição no Senado voltaram a se enfrentar nas discussões em plenário para votação do impeachment no Senado, em agosto. Na ocasião, porém, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também partiu para cima da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) à época, que presidia a sessão, teve de suspender a sessão para que os parlamentares se acalmassem.
Medíocre x Tá na delação
Ainda em abril, Aécio e Lindbergh também se estranharam. Depois de o petista reclamar da indicação de Antonio Anastasia (PSDB-MG) para relatar o processo de impeachment de Dilma, o tucano chamou o colega de “medíocre”. E ouviu: “Você está na delação do Delcídio”.
“É homem, mas não é dois”
Em agosto, a senadora Kátia Abreu e o senador José Medeiros trocaram ofensas na comissão do impeachment. “O senhor é homem, mas não é dois”, disparou Kátia. “A senhora é mulher, mas não é duas”, respondeu o colega.
Em dezembro, na votação da proposta de emenda à Constituição que limita os gastos públicos, Fátima Bezerra (PT-RN) e Medeiros continuaram o bate-boca fora dos microfones em plenário. A petista chamou os apoiadores da PEC 55/2016 de “golpistas da cidadania”. Aliado do governo, o mato-grossense chamou o PT de “quadrilha”.
Em abril, sobrou até para o argentino Adolfo Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel. Durante uma visita ao Senado, ele se referiu ao impeachment como um golpe de Estado. E foi duramente repreendido por senadores da oposição, precipitando uma confusão entre os senadores.