Mário Coelho
Por falta de quórum, a sessão da tarde desta quinta-feira (3) da Câmara Legislativa do Distrito Federal foi aberta e encerrada em poucos minutos – somente cinco deputados distritais estavam presentes no momento. O esvaziamento da sessão é creditada pela oposição como uma manobra da base aliada ao governador José Roberto Arruda (DEM). Com isso, a eleição de um novo corregedor para analisar os processos por quebra de decoro parlamentar de oito distritais e a leitura do requerimento de crime de responsabilidade contra o governador do DF e seu vice, Paulo Octávio (DEM), feito pelo PSB, ficaram para a próxima terça-feira (8).
Leia tudo sobre a Operação Caixa de Pandora
Após quase duas horas do horário previsto para iniciar a sessão, às 15h, o presidente em exercício da Câmara, Cabo Patrício (PT), foi obrigado a encerrar a sessão sem haver a discussão prometida para hoje. Estavam em plenário, além de Patrício, os petistas Chico Leite, Erika Kokay e Paulo Tadeu, além de Reguffe (PDT). Ficaram nos gabinetes os distritais Jaqueline Roriz (PSC) e Milton Barbosa (PSDB), irmão do ex-secretário de Relações Institucionais do GDF, Durval Barbosa, autor das denúncias que deram origem à Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. Caso eles tivessem entrado no plenário, o número mínimo para abrir a sessão estaria cumprido.
“Isso é muito estranho. Na terça-feira, fizemos um amplo acordo sobre as medidas que a Câmara tomaria. Agora a base não dá quorum”, afirmou Paulo Tadeu. Informações apuradas pelo Congresso em Foco dão conta que parte dos distritais que formam a base de Arruda estavam reunidos com o governador na residência oficial de Águas Claras. Houve um encontro ontem (2) no mesmo lugar. Segundo parlamentares ouvidos pelo site, os distritais estão usando a manifestação dos estudantes como pretexto para não comparecerem à Câmara. Mas a intenção real é dar mais tempo de defesa dos parlamentares e do Arruda e esvaziar a estratégia da oposição.
“Você viu a bagunça que isso aqui se tornou. Estou vindo aqui porque não tenho nada a temer”, disse o distrital Milton Barbosa. Questionado por que não deu quorum para a sessão, o tucano afirmou que “todos viram as imagens de ontem”, referindo-se às duas invasões feitas pelos estudantes. Na primeira, uma porta de vidro e um detector de metais foram quebrados. Na segunda, a porta que dá acesso ao plenário foi arrombada.
Para Reguffe, é “mais uma vergonha” do Legislativo distrital o adiamento da criação da CPI da Corrupção. “É uma obrigação dos deputados estarem em plenário”, disse o deputado do PDT.
Com o adiamento da sessão, a criação da CPI da Corrupção foi transferida para a semana que vem. O requerimento, que seria assinado por 22 deputados, como anunciado pela Mesa Diretora na última terça-feira, tem somente quatro assinaturas. Os deputados Chico Leite, Reguffe e Rogério Ulysses (PSB) subscreveram o pedido. A última assinatura é do suplente Cláudio Abrantes (PPS), que deixou o cargo nessa semana, já que o titular da posição, Alírio Neto (PPS), reassumiu o mandato.
Permanência
Com a falta de acordo entre base e oposição, os manifestantes tomaram conta pela terceira vez do plenário da Câmara. Cabo Patrício já avisou que não vai tomar nenhuma medida para tirar os estudantes da Casa. Inicialmente, a Procuradoria da Câmara chegou a elaborar um pedido de reintegração de posse, previsto para ser protocolado na tarde de hoje.
Porém, como a sessão foi encerrada sem discussão, Patrício voltou atrás. Neste momento, os estudantes discutem quais serão os próximos passos do movimento. A expectativa é que eles passem o fim de semana dentro da sede do Legislativo distrital.