Fábio Góis
A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) foi nesta quinta-feira (6) à tribuna do plenário reclamar do que considera “deslealdade” do partido à sua história política. Serys, que queria tentar a reeleição ao Senado, criticou a postura do presidente regional do PT, deputado Carlos Abicalil, nas prévias que o definiram como candidato à vaga. Segundo a coligação costurada por Abicalil, que sinalizou apoio ao governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), o ex-governador Blairo Maggi (PR) deve ser o outro nome da chapa.
As prévias que frustraram os planos de Serys foram realizadas neste domingo (2), e foram distribuídas urnas em 131 das 141 cidades do estado. O resultado foi proclamado na terça-feira (4), o que levou parte do grupo da senadora a considerar uma desfiliação em massa, além de anunciar o não apoio a Abicalil para o pleito ao Senado.
Para vencer as prévias, alegou a senadora, Abicalil “se estruturou à sombra dos aloprados da Funasa [Fundação Nacional da Saúde] e do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] e se aparelhou através da Secretaria de Educação de Mato Grosso, usando como seus aliados aloprados” petistas.
Serys mencionou o fato de ter sido a primeira mulher do estado a ser eleita para o Senado – no caso, inclusive na condição de 1ª vice-presidenta do Senado e do Congresso. Para a petista, a tática de Abicalil nas coligações regionais foi “equivocada, oportunista e desleal”. “Abriu uma cisão dentro do partido para tentar fazer prevalecer seus objetivos. Tentaram rasgar uma história, a minha história”, bradou.
Em mais de duas horas de discurso, as declarações foram proferidas em tom de mágoa e recebeu a solidariedade não só de senadores petistas ou da base aliada, mas também da própria oposição – a exemplo de Jayme Campos (DEM-MT) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).
“Qual o discurso que a Dilma [pré-candidata petista à Presidência] fará em Mato Grosso se o PT tira a única mulher de Mato Grosso da política?”, disse Jayme, que convidou Serys para o DEM e disse que os partidários de Abicalil agiram de maneira “traiçoeira e covarde”. Ele foi reforçado por Mozarildo, que criticou o “gesto aloprado do PT” mato-grossense. “Não é possível que um partido faça isso.”
Como o Congresso em Foco mostrou em março, a campanha petista no Mato Grosso pôs PT e Senado em estranha relação eleitoral: na mais nova criação da Alta Casa, o “candidato-fantasma” e servidor Vicente Vuolo Filho saiu às ruas mato-grossenses oferecendo-se ao partido para o posto de deputado federal, com direito a panfletos em que aparece com o presidente Lula e o próprio Abicalil. Com um detalhe: sua folha de ponto não tem uma falta sequer.
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