Na iminência da votação da reforma da Previdência (Proposta de Emenda à Constituição 287/2016) na Câmara, a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) vai levar às ruas de Brasília e ao Congresso, nesta quarta-feira (12), centenas de fiscais tributários de todos os Estados e do Distrito Federal para um ato contra a proposta do governo. Serão mais de 300 profissionais do Fisco a lotar o Auditório Nereu Ramos, na Câmara, a partir das 10h. A entidade estuda levar um manifesto a ser entregue aos deputados, em protesto contra as mudanças pretendidas pelo governo Michel Temer nas regras previdenciárias.
Promovido pela Fenafisco, o ato da contará com o apoio de 30 sindicatos da categoria afiliados em todo o país. Os fiscais da Receita Federal são cerca de 35 mil servidores fiscais tributários estaduais e distritais em todo o país. O ato servirá também para inaugurar um grande “radar móvel”, em formato eletrônico e com dados atualizados em tempo real, para apontar quais deputados são contrários ou favoráveis à reforma da Previdência, em fase avançada de discussão na Câmara.
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Segundo pesquisa realizada pela Fenafisco em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), o “Radar da Previdência” já ouviu mais de 200 parlamentares, dos quais apenas 20% dos entrevistados autorizaram revelar o voto e o uso de sua imagem.
Para o presidente da Fenafisco, Charles Alcantara, o cenário da reforma da Previdência já aponta claramente o recuo do governo em relação ao texto originalmente proposto. E, para Charles, as concessões que Temer já admite fazer na elaboração da matéria são fruto da participação popular.
“Diferente do que muitos parlamentares acreditaram, a sociedade não vai engolir tamanha restrição de direitos, um verdadeiro desmonte da Previdência Social, sob o argumento frágil de equilíbrio fiscal. Essas mudanças que o governo começa a anunciar são reflexo da pressão da sociedade, que precisa e deve continuar”, alerta o dirigente.
O presidente da entidade percebeu ainda que as revelações a caminho, a serem expostas no Radar, têm acuado atores envolvidos na discussão – não pelo resultado de quem seria contra ou a favor das mudanças propostas na PEC 287/2016, mas devido ao receio dos parlamentares em autorizar a divulgação de como irão votar. “Essa postura é no mínimo estranha e precisa levar o eleitor, que é o povo brasileiro, a se questionar. Como o candidato que eles elegeram vai votar na reforma da Previdência? Isso precisa ser público, transparente. É isso que a sociedade precisa fazer: questionar e cobrar o seu deputado. Por que não querem revelar o seu voto? Seria o medo das próximas eleições?”, questiona Charles Alcantara.
Publicidade“Mais do que nunca, a sociedade precisa unir esforços para combater fortemente uma reforma que o governo quer impor sem ouvir a população”, acrescenta o presidente da Fenafisco.