O secretário-geral adjunto da Mesa do Senado, Marcos Santi, disse que sentiu “pressão psicológica” para a emissão de um parecer a favor de votação secreta sobre a cassação, ou não, do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Demissionário do cargo, ele prestou depoimento hoje (29) à tarde ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), e a dois relatores do caso no Conselho de Ética, Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS).
Segundo Marisa, Santi disse discordar de todo o processo que envolve a apuração da denúncia de que Renan teria despesas pessoais pagas pelo lobista de uma empreiteira. A tucana afirmou que a discussão em torno da votação do relatório no Conselho de Ética, se seria secreta ou não, foi a “gota d’água” para a decisão do servidor de pedir afastamento da função.
De acordo com o corregedor do Senado, Santi não disse quem era o autor da “pressão psicológica” que teria sofrido. “Ele disse que ninguém falou para ele fazer ‘isso’ ou ‘aquilo’”. Tuma disse que o servidor teme sofrer um processo administrativo disciplinar. No entanto, o senador paulista não acredita que isso seja necessário. “Ele deve estar com receio, acho eu”, complementou Marisa.
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Por sua vez, Casagrande considera que o depoimento de Santi não altera a posição dos relatores em relação ao relatório. O parlamentar capaixaba considera que a atitude do servidor do Senado ajuda a formar a convicção de que forças internas “poderosas” atuaram no processo.
Parecer
Na tarde de hoje, o parecer da consultoria legislativa pelo voto secreto no Conselho de Ética foi distribuído aos 15 membros do colegiado. O documento prevê que o relatório a ser apreciado não deverá ser conclusivo, mas apenas descritivo.
Segundo Renato Casagrande e Marisa Serrano, se a votação for secreta, o relatório não será apresentado amanhã. O relatório deve ser redigido na noite de hoje. A votação está marcada para as 10h de amanhã (30). (Eduardo Militão e Rodolfo Torres)