Após quase quatro meses de insistência junto à Corte de Nova York, os integrantes da CPI dos Correios finalmente terão acesso aos dados da movimentação bancária do publicitário Duda Mendonça no exterior. A análise dos documentos começa nesta quinta-feira.
Mas, apesar da espera, o relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), reconhece que dificilmente a investigação renderá resultados concretos, já que os trabalhos da CPI não devem ultrapassar a segunda quinzena de março.
“Realmente dá pra fazer muito pouco. Vamos nos valer do trabalho investigativo dos jornais, do que saiu na imprensa”, afirmou o parlamentar. Os dados estão em poder do Ministério da Justiça. Além da CPI, a Polícia Federal e o Ministério Público também podem ter acesso aos dados.
O tempo, de fato, é curto. Apenas quatro integrantes da comissão estão autorizados a manusear os sigilos de Duda Mendonça, acompanhados de dois técnicos. Eles têm apenas dez dias, segundo o cronograma do relator, para avaliar 15 mil pastas de documentos, copiar e salvar os dados nos computadores da CPI, compará-los com depoimentos e sigilos bancários obtidos no Brasil e apresentar conclusões aos outros parlamentares.
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“O principal mesmo a descobrir quais são as outras fontes (das contas), é ver quem está alimentando a Dusseldorf”, disse Serraglio, em referência à conta usada por Duda em Miami para receber dinheiro das contas do empresário Marcos Valério de Souza, financiador do caixa dois montado pelo PT para pagar dívidas de campanhas.
Via-crucis
Desde novembro, a CPI dos Correios tenta obter a quebra do sigilo bancário de Duda no exterior. Os parlamentares queriam investigar se o PT utilizou as contas do publicitário para movimentar dinheiro ilegalmente fora do país.
Em depoimento à comissão no ano passado, Duda – marqueteiro da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 – disse que abriu a conta no exterior, por orientação de Valério, para receber o pagamento pelos serviços prestados ao PT.
A Corte de Nova York, porém, recusou-se a liberar os dados à CPI, por entender que ela não é um foro de investigação. Foi preciso que uma comitiva de parlamentares viajasse rumo aos Estados Unidos para convencer as autoridades norte-americanas de que a comissão tem autoridade para quebrar e ter acesso a sigilos bancários.