Thomaz Pires
O candidato José Serra (PSDB) lançou oficialmente nesta tarde a campanha para o segundo turno na disputa presidencial. Acompanhado de representantes da coligação “O Brasil pode mais”, que envolve PSDB, DEM, PPS e PTB, o candidato, empolgado, fez críticas às estratégias sinalizadas pela adversária Dilma Rousseff, que pretende explorar a discussão sobre privatização nos próximos debates na tentativa de enfraquecer a campanha tucana.
“Eles (PT) pretendem criar factóides e ameaçar nossa campanha com o tema da privatização. Só que na verdade não falam dos bancos privatizados nos últimos oito anos. É mais um trololó que eles deverão tentar explorar nos próximos dias”, disse Serra. O candidato recebeu o apoio presencial de figuras até então distantes de sua campanha, como os senadores eleitos Aécio Neves (PSDB-MG) e Itamar Franco (PPS-MG).
Com um discurso nitidamente mais combativo, Serra não economizou palavras para criticar o governo. As acusações de “duas caras” e “falta de decoro” deram sinais de que o candidato deverá adotar uma postura de enfrentamento mais forte neste segundo turno.
A passagem de Serra para o segundo turno, que as pesquisas não previam, alternou os ânimos no ninho tucano. Aécio Neves, por exemplo, que ficou distante da campanha de Serra noi primeiro turno, agora comprometeu-se a estar mais presente no segundo turno. “A minha campanha ainda não terminou. Ela só será encerrada com a vitória neste segundo turno”, afirmou o senador, que também engrossou as críticas ao governo. “O país não pode ficar a serviço de um partido (PT). A nossa vitória é pelo bem da democracia”, completou.
As alfinetadas contra o atual governo também foram embaladas pelo senador Itamar Franco. Usando da ironia, ele fez menções diretas ao presidente Lula. “Se continuarem tentando nos fazer acreditar em tudo o que é dito, em pouco tempo irão falar que quem abriu os portos do Brasil não foi Dom João VI, mas o presidente Lula”.
Propaganda eleitoral
Os aliados de Serra avaliam que o segundo turno deverá possibilitar um confronto mais justo. A vantagem no tempo de propaganda eleitoral, que deverá cair drasticamente na retomada no segundo turno, foi lembrada por diversas vezes nos discursos dos apoiadores de Serra, que prevêem a possibilidade de crescimento na disputa. “Com maior tempo de TV e rádio, teremos outra eleição, que acabou de começar. Portanto, as previsões são mais do que otimistas”, avaliou o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckimin.
A discussão sobre o possível apoio da candidata Marina e do PV foi feita de forma indireta. Serra voltou a falar da qualificação e atenção aos assuntos relativos ao meio ambiente.