Irritado com a divulgação de ligações telefônicas feitas por Cristiano Paz, sócio do empresário Marcos Valério Fernandes, para o seu comitê de campanha nas eleições de 2002, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), tentou desqualificar as suspeitas de que teria mantido contato com as empresas do mensalão. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Paz, um dos donos das agências SMP&B e DNA, telefonou 37 vezes para o comitê de campanha do então candidato a presidente, de acordo com a quebra de sigilo telefônico do empresário.
Serra afirmou que não teria como saber a respeito dos contatos, mas defendeu que as suspeitas sejam investigadas. O prefeito disse que não tinha qualquer conhecimento a respeito dos telefonemas registrados e aproveitou a oportunidade para disparar chumbo sobre os petistas, em especial o secretário-geral do partido, Ricardo Berzoini, o qual apelidou de “sujeito que persegue velhinhos”.
“Como é que eu poderia ter conhecimento disso? Se houver incidência de algum problema, a gente vai examinar, vai investigar”, disse o prefeito, quando visitava obras no bairro Vila Prudente, na capital paulista, durante a manhã desta segunda-feira.
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As ligações foram registradas entre agosto e outubro de 2002, quando as eleições presidenciais começavam a se definir. Mas, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não há registro de doações das empresas do publicitário para o tucano ou gastos de Serra com as agências SMP&B e DNA.
Paz ligou pelo menos 18 vezes de seu celular para um celular registrado em nome do Comitê Financeiro Nacional – Campanha José Serra Presidente. O banco de dados da Receita Federal confirma que o número de cadastro que aparece na quebra do sigilo telefônico é do comitê financeiro tucano.
Desde o início da crise, não é a primeira vez que um peessedebista aparece ligado às agências de Valério, apontado como o operador do mensalão. Em agosto, o presidente do partido, senador Eduardo Azeredo (MG), foi acusado de utilizar recursos do “valerioduto” quando era candidato ao governo do estado, na campanha de 1998.
Na semana passada, Berzoini, que é candidato à presidência do PT pela chapa do Campo Majoritário, defendeu que as CPIs dos Correios e do Mensalão devem estender as investigações para além do PT. Questionado, durante uma coletiva, a respeito da fala do petista, Serra aproveitou os microfones para confrontá-lo.
“Tem 999% de denúncias do PT, e o Berzoini agora virou advogado dos que transgrediram a lei, advogado dos corruptos”, afirmou o prefeito. “E está sendo eleito, provavelmente presidente do PT e presidente de uma bancada de advogados, para defender a corrupção e o abuso no Brasil”, continuou.
O prefeito não se deu por satisfeito e tentou reavivar a principal ferida do petista. “Ele é o famoso homem que maltratou os velhinhos aposentados, se lembram”, disse, referindo-se ao episódio em que Berzoini, quando ministro da Previdência, em 2003, solicitou o recadastramento de todos os aposentados do país para coibir fraudes. O curto prazo dado pelo governo, porém, protagonizou filas quilométricas de idosos em todo o país.
“Portanto é um sujeito que persegue os velhinhos, protege os corruptos, enfim é uma pessoa absolutamente desqualificada para deitar regras para os outros e ele é um político desqualificado”, encerrou o prefeito. O secretário do PT ainda não falou a respeito das declarações de Serra.
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