Rudolfo Lago
É difícil saber que efeito pode ter num debate que entrou pela madrugada num canal de pouca audiência. De qualquer modo, a presença na plateia da cúpula da Igreja Católica e a capacidade de irradiação que os grupos religiosos podem ter pode ter alguma consequência. Pelo menos, foi nisso que o candidato do PSDB, José Serra, apostou ao criticar a candidata do PT, Dilma Rousseff, por faltar ao debate promovido pela TV Canção Nova e Rede Aparecida sobre temas que são considerados importantes pelos católicos.
“Quero cumprimentar o Plínio e Marina, porque que vieram. Lamentável é quem prefere esconder o que pensa. A ausência da Dilma não é por agenda, é por dificuldade em se explicar, em dizer o que de fato pensa”, atacou Serra. No início do debate, foi lida uma nota da assessoria de Dilma dizendo que ela faltara por incompatibilidade de agenda. “Vocês sabem o que ela está fazendo? Está tuitando!”, atacou Plínio de Arruda Sampaio, do Psol, fazendo coro a Serra. Só Marina Silva, do PV, não atacou Dilma. Na verdade, nem mencionou seu nome.
No último bloco do debate, os candidatos responderam cada um a perguntas sobre temas diversos, sem réplicas dos demais. Marina falou de política habitacional. “Minha Casa, Minha Vida é uma boa ideia, mas tem que agregar questões ambientais e culturais”. Plínio falou de agricultura, e voltou a defender a desapropriação de todas as fazendas com mais de mil hectares. “Deve ser desapropriada, produtiva ou não produtiva”, pregou ele. E Serra rejeitou a ideia de fazer plebiscito sobre o aborto, tema que já havia sido abordado em blocos anteriores.
Todos os candidatos responderam em seguida a uma mesma pergunta: como resolveriam a questão do ensino religioso nas escolas públicas. Os três defenderam a necessidade de educação religiosa como disciplina opcional, que não reprova, mas que contenha no currículo menção a todas as formas de religião, e não apenas à católica.
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