O senador José Serra (PSDB-SP) vê na Presidência da República um “vácuo de poder”. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o tucano aponta a fraqueza do governo e a crise econômica, política e moral como elementos que remontam ao cenário do golpe militar em 1964. “Se o fator militar estivesse presente hoje, como em 64, estaríamos tendo perturbações gravíssimas nessa área”, declarou. Ele ressalta, no entanto, que não há condições para um golpe militar. “Não estamos tendo perturbação militar e não vamos ter”, acrescentou.
O senador, que participou dos protestos contra Dilma nesse domingo (16), na Avenida Paulista, disse que a melhor saída para o país seria a renúncia da presidente. “A renúncia é prerrogativa de Dilma. Não tenho dúvida que o país gostaria que ela renunciasse. Mas ela não vai fazer isso”, afirmou.
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Na entrevista, Serra ainda classificou como “ativa e burra” a política de ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e chamou de “insanidade” a política cambial imposta pela atual equipe econômica. O senador alertou que, apesar da reaproximação da presidente Dilma com o presidente do Senado, o risco da chamada “pauta-bomba” prosperar ainda existe. Para ele, o aparente alívio experimentado por Dilma na semana passada é resultado somente de “flutuações intersemanais”.
Candidato do PSDB à Presidência em 2002 e 2010, quando foi derrotado em segundo turno por Lula e Dilma, o senador evita falar sobre a possibilidade de tentar novamente concorrer ao Palácio do Planalto. Nos últimos meses, Serra se aproximou do PMDB, particularmente de Renan Calheiros e do vice-presidente da República, Michel Temer. Seu nome chegou até ser especulado, nos bastidores, como um dos mais cotados para o Ministério da Fazenda na hipótese de um eventual impeachment de Dilma. Nesse caso, a Presidência seria assumida por Temer.