O ex-secretário de Comunicação do PT Marcelo Sereno negou, durante todo o tempo, que tenha influenciado a indicação de dirigentes de fundos de pensão. Ele foi interrogado, nesta sexta-feira, pelo sub-relator de Fundos de Pensão, Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), acerca de indicações políticas de diretores dos fundos de pensão Nucleos e Prece. Segundo ele, os nomes passaram pelo Planalto de forma burocrática, apenas para que a Presidência tomasse conhecimento dos novos dirigentes.
Ele também negou a autoria de bilhete no qual, supostamente, pedia ao ex-diretor financeiro do fundo Nucleos Gildásio Amado Filho que recebesse em audiência o investidor Fernando Barros Teixeira. Este último procurou diversos fundos de pensão para propor investimentos em um fundo de ações que administrava, o ASM Asset. Diversos fundos aceitaram a proposta, mas o estatuto do Nucleos não autorizava essa modalidade de investimento.
Quando prestou depoimento na sub-relatoria, Gildásio mostrou o bilhete imputado a Sereno para demonstrar a ingerência do ex-dirigente petista nos fundos de pensão. Sereno disse que a própria secretária fez o bilhete e o atribuiu a ele.
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Sereno também negou qualquer influência do governo de Benedita da Silva (PT) na Cedae (Companhia de Água do Estado do Rio de Janeiro) ou na escolha do Banco Santos como gestor do investimento do fundo de pensão dos servidores daquele órgão (Prece).
Sereno confirmou que tenha sido nomeado para o Conselho de Administração da Cedae, posto que exerceu por cerca de cinco meses, porque na época, era secretário-executivo do governo de Benedita. Ele afirmou que nenhum assunto da Prece chegou a ser discutido enquanto fez parte do Conselho.
Segundo o sub-relator, o ano de 2002 foi o pior para o desempenho da Prece, que teve perda de 30% em seus investimentos, razão pela qual sofreu queda de 7% em seu patrimônio líquido. Embora tenha reconhecido que aquele foi um ano ruim para a economia brasileira, o deputado afirmou que a CPI inferiu má gestão dos recursos.
Sereno respondeu que nunca tomou conhecimento das decisões da Prece, pois suas responsabilidades e tarefas no governo eram muitas, mas não relacionadas à Cedae.
Pororoca
Finalmente, o ex-dirigente petista atribuiu como falsas as denúncias feitas pelo especulador financeiro Alexandre Athayde, segundo as quais ele, Sereno, seria o contato do empresário Haroldo Almeida Rego Filho, conhecido como Pororoca, com o governo federal, a fim de favorecê-lo. Sereno classificou a acusação como fruto de um "problema claro" que Athayde teria com a família, especialmente com Haroldo, por causa de um investimento frustrado.