No último dia 11, Dia do Advogado e da Advogada, em Curitiba, ocorreu um ato político importante: o Tribunal Popular que julgou a Lava Jato.
Alguns fascistas que pensam serem os donos da verdade – e, por isso, contra o direito do livre pensar e da liberdade de expressão – ameaçaram invadir o local. Felizmente, ficaram só na intimidação.
Outros, como o procurador Alexandre Schneider, de Bento Gonçalves (RS), tentaram proibir o Tribunal Popular sob o argumento de que seria uma tentativa de “achincalhar o sistema Judiciário”, com o objetivo de “induzir cidadãos a erro e criar falso senso de autoridade pública”. Felizmente, teve sua pretensão negada por duas procuradoras cientes da lei e não prisioneiras do ódio e do fascismo.
Também houve aqueles que acusaram o Tribunal Popular que julgou a Lava Jato como sendo um teatro. A esses, peço uma reflexão: os outros tribunais não são um teatro? Algumas decisões individuais não poderiam ser peças teatrais?
No dia 11, também foi lançado um livro com artigos assinados por 122 juristas brasileiros comentando a sentença do juiz Sérgio Moro contra Lula. O livro se chama Comentários a uma sentença anunciada – o processo Lula. O livro conta como Moro é, ou se transformou, em um juiz parcial.
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Mas não é o único que é parcial. A parcialidade está no sistema da (in)justiça do Brasil. Há momentos de pensar em desistir da busca de justiça no Brasil.
Mesmo o mais otimista dos homens e das mulheres precisa de muita vontade, ânimo e esperança para não desistir. Não há mais como dar qualquer crédito ao sistema de investigação e Justiça do Brasil, seja da polícia, do Ministério Público ou do Judiciário.Todos sabem, até o mundo mineral sabe, que Aécio Neves é corrupto. Só a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Supremo Tribunal Federal não sabem.
No dia 9, o delegado Alex Levi Resende enviou um relatório ao ministro Gilmar Mendes afirmando que “não é possível atestar que o senador realizou as condutas criminosas que lhe são imputadas”.
Como o homem não é do PT, nem investigado é.
Contra petistas não precisa ter prova. Basta ser petista que policiais, procuradores e juízes têm a convicção e condenam.
No dia 8, Raquel Dodge, antes mesmo de assumir o cargo de procuradora-geral da República, participou de reunião secreta com o usurpador Michel Temer. Ato contínuo à visita, a Câmara de Combate à Corrupção da PGR decide desarquivar um caso antigo contra Lula. Caso este que já foi exaustivamente investigado, sem que nunca qualquer prova fosse encontrada.
Haveria alguma relação com a visita?
No mesmo dia 9 em que o “inocente” Aécio não pôde ser investigado, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou o pedido de liberdade para João Vaccari. Ele já foi absolvido, mas, por ser do PT, não pode ser solto.
Aécio Neves, mesmo com uma mala de R$ 2 milhões e sua irmã, Andrea Neves, do PSDB, estão soltos.
Geddel Vieira Lima e Rodrigo Rocha Loures, este último pego com uma mala de R$ 500 mil, ambos do PMDB, estão livres.
Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha, recebeu uma sentença do juiz Sérgio Moro que quase dá a possibilidade de canonização da moça. Mas ela é esposa de um dos mafiosos do PMDB e, coitada, não sabia quem era o marido e de onde vinha tanto dinheiro para sustentar seu luxo e consumo.
Mas há que se entender: não são do PT. São pessoas ligadas ao PSDB e ao PMDB.
Mas como as decisões são de caráter de classe, são previamente anunciadas. Tanto que, recentemente, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região absolveu uma mulher que submetia uma criança de 11 anos, de origem indígena, ao trabalho semelhante ao de escrava.
A nota do TRF1 sobre o caso omite – já que ela é da elite e não pode ser exposta – o nome da acusada.
Por último, mas não por fim, porque as injustiças no Brasil parecem não ter fim, o juiz substituto Jun Kubota, da Vara Criminal de Redenção (PA), colocou em liberdade os 13 policiais acusados de, no dia 24 de maio passado, assassinar dez pessoas, entre elas uma mulher.
Se o Tribunal Popular da Lava Jato foi um ato político, políticas têm sido também muitas decisões sobre quem investigar e quem condenar.
Não é só a lei que é levada em consideração, a política também está presente no momento de decidir o que se investiga ou não, quem é preso ou solto, quem é condenado ou absolvido. São decisões políticas, ideológicas e de classe. São sentenças previamente anunciadas.
<<Justiça seletiva é injustiça – a aplicação da lei no Brasil depende de vários fatores
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