Quatro senadores visitaram nesta quarta-feira (3), em Goiânia, familiares do estudante Mateus Ferreira da Silva, gravemente ferido na cabeça por um policial militar durante os protestos contra as reformas trabalhista e da Previdência, na última sexta-feira (28). Os petistas Fátima Bezerra (RN), Gleisi Hoffmann (PR), Regina Sousa (PI) e Lindbergh Farias (RJ) também se encontraram com médicos e colegas de Mateus, que fazem vigília no Hospital de Urgências de Goiânia, o Hugo, onde ele está internado ainda em estado grave, após ter sido atingido na cabeça por um cassetete.
As comissões de Direitos Humanos e de Educação do Senado decidiram acompanhar os desdobramentos do episódio. “É importante também as entidades da sociedade civil acompanhem o fato, para que se tenha um desfecho e não fique na impunidade”, afirmou Regina Sousa, que preside a Comissão de Direitos Humanos. Ela e Fátima se reuniram, ainda, com o secretário de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, que informou que pediu o afastamento do capitão Augusto Sampaio de Oliveira Neto, autor da agressão, e que há um inquérito policial militar em curso.
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Os senadores repassaram à família de Mateus uma gravação feita pelo ex-presidente Lula com mensagem de apoio ao estudante. Em seguida, Lindbergh ligou para o ex-presidente, que conversou com os pais e um irmão do aluno do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Recuperação
PublicidadeMateus, de 33 anos, deve ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) humanizada nas próximas horas. Os médicos que o acompanham disseram que ele poderá deixar o hospital em menos de duas semanas. “Isso pode ser para mais ou para menos, vai depender da evolução dele. O que foi feito até agora é lutar para que ele não morra. Apesar de melhorias, ele é um paciente que requer cuidados”, disse o médico Marcelo Fonseca aos senadores.
Colegas de universidade e amigos de Mateus fazem vigília do lado de fora do hospital. “Eles estão fazendo mil origamis para dar sorte e curar. É muito legal a solidariedade dos estudantes”, disse Gleisi em vídeo gravado ao lado de Lindbergh.
Outros casos
O capitão Augusto Sampaio de Oliveira Neto, que acertou o estudante com um golpe de cassetete na cabeça, já se envolveu em pelo menos outros quatro casos de agressão, inclusive contra menores em situação de rua. Segundo a TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo, que teve acesso à ficha do policial, as denúncias ocorreram entre 2008 e 2010. Mesmo assim, a ficha dele reúne 34 elogios e nenhuma punição em seus 12 anos na corporação.
Subcomandante da 37ª Companhia Independente da Polícia Militar, em Goiânia, o capitão recebeu duas medalhas do governo de Goiás, em 2016, pelo “desempenho de suas funções” e por “prestar relevantes serviços visando à preservação da ordem pública”.
Augusto Sampaio ficará afastado das ruas enquanto responder ao processo disciplinar interno. O capitão, que foi transferido para atividades administrativas, ainda não se manifestou sobre o assunto.