Autor do requerimento, Mário Couto (PSDB-PA), líder da minoria no Senado, protestou contra a movimentação dos senadores. Para ele, a Casa sai queimada do episódio. Durante manifestação em plenário, o tucano criticou os colegas e chegou a dizer: “Dane-se o Senado. Se o Senado não quer, que dane-se o Senado”. Apesar da fala geral, a crítica tinha endereço: o senador Zezé Perrella (PDT-MG).
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A lista de desistentes inclui parlamentares de oposição – inclusive do próprio PSDB de Mário Couto. Ivo Cassol (PP-RO), Lobão Filho (PMDB-MA), João Alberto (PMDB-MA), Maria do Carmo Alves (DEM-SE), Cícero Lucena (PSDB-PB), Wilder Morais (DEM-GO), Clésio Andrade (PMDB-MG), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Paulo Davim (PV-AC).
O mineiro é identificado com a “bancada da bola” no Congresso por ter presidido o Cruzeiro Esporte Clube, atual líder da Série A do Brasileiro, em quatro oportunidades. Suplente de Itamar Franco, assumiu o mandato com a morte do titular em julho de 2011. Por causa disso, deixou a presidência do clube. Antes, foi deputado federal e deputado estadual. “Essa CPI não seria boa para o futebol brasileiro”, disse o pedetista.
Após a manifestação do tucano, iniciou-se um bate-boca entre os dois. Mário Couto acusou Perrella de ter agido nas costas dos senadores. “Depois do seu ato, não posso lhe considerar nem lhe respeitar. O senhor não quis a CPI porque é presidente de um clube famoso que precisa da CBF. É ligado a ela, é amigo dele”, disse o senador do PSDB, em referência a José Maria Marín, presidente da CBF.
Perrella admitiu ter trabalhado para os senadores retirarem as assinaturas. O pedido inicial tinha 33 apoios, mas a Secretaria-Geral da Mesa confirmou 31. “Eu realmente trabalhei para que essa CPI não acontecesse e você não poderia dizer que eu não sou do bem”, respondeu o pedetista. No discurso, Couto disse que os colegas que retiraram os apoios não eram corretos. “Não podemos colocar os senadores que não assinaram em suspeição.”
PublicidadeNo requerimento apresentado por Mário Couto, são listados os temas a serem investigados. Entre eles estão: compra de votos nos processos eleitorais, prestação de contas das receitas próprias e recursos oriundos de convênios com órgãos públicos e contratos de patrocínio da seleção brasileira, as renúncias fiscais em obras para a Copa, além de renúncia fiscal favorecendo diretamente a CBF. Ele pretende saber também se a Lei 12.350/10, que trata da isenção fiscal dada à Federação Internacional de Futebol (Fifa), favoreceu a confederação.