Os defensores da presidente afastada concordam com a interrupção porque preferem votar o pedido de impeachment durante o dia. Eles querem aproveitar a audiência da TV Senado e fazer discurso para o público externo, e não para tentar convencer os colegas a votarem contra a aprovação da primeira fase de votação do afastamento, chamada de pronúncia.
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Os aliados de Dilma sabem que é improvável a reversão da tendência de aprovação do impedimento de Dilma, mas querem ganhar tempo, na esperança de surgirem novos vazamentos de delações premiadas na Operação Lava Jato que comprometam o presidente interino Michel Temer e criem um clima para interromper a votação.
A proposta feita por Aécio a Lindbergh não é aceita pelo líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO). “Soube agora desta proposta e acho um absurdo. Não podemos interromper uma sessão tão importante e esperada pela população”, disse Caiado. Ele defende que as discussões sejam feitas até que a votação final possa ser tomada, mesmo que seja durante a madrugada. “A população está cansada deste assunto, está interessada é nas Olimpíadas e devemos resolver logo esse assunto”, argumento.
A proposta de interrupção da sessão na noite desta terça e a retomada na manhã da quarta foi levada ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que está negociando com as bancadas. Nem mesmo a bancada tucana está inteiramente a favor da interrupção dos trabalhos. O senador Dalirio Beber (PSDB-SC) é contra e propõe, até, a redução do tempo de 10 minutos destinado aos discursos de cada senador. “Precisamos abreviar a sessão”, disse o parlamentar.
A decisão política sobre a interrupção ou não da sessão será levada ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowiski, responsável pelo andamento dos trabalhos no julgamento do impeachment. Durante a sessão da manhã desta terça-feira ele tentou evitar as manobras dos defensores de Dilma para prorrogar a sessão, Mas topa votar em dois dias se houver acordo entre os parlamentares.