Gastos dos senadores crescem no primeiro semestre
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O Congresso em Foco procurou todos os senadores que tiveram ressarcimento superior a R$ 200 mil no primeiro semestre. Mas apenas Mário e Wellington retornaram o contato.
Senador que recebeu o segundo maior montante em ressarcimento, Mário Couto diz que os gastos são inevitáveis para quem, como ele, representa um “estado de dimensões continentais”. Ele teve R$ 227,5 mil em despesas ressarcidas nos primeiros seis meses, ficando atrás apenas de Romero Jucá (PMDB-RR).
O senador do Pará foi o que mais gastou com passagens aéreas nos seis primeiros meses do ano: R$ 135,39 mil. O segundo maior volume de despesas dele foi com locomoção, hospedagem, alimentação e combustíveis. Foram R$ 81,2 mil em despesas reembolsadas pelo Senado.
“Distâncias continentais”
“Quem conhece os estados da Amazônia sabe muito bem da dificuldade que temos para chegar a determinadas localidades. As distâncias são continentais, e tem lugar que, para chegar, só de barco ou de avião. Não tem saída. Ou seja, usei a verba quase que exclusivamente para manter meu contato com os paraenses, com minha base política, e para ver a situação do Pará. Não foi para publicidade, para propaganda”, frisa o senador, em alusão ao seu colega de bancada paraense Jader Barbalho (PMDB-PA), que, como mostrou o Congresso em Foco, gastou mais de R$ 100 mil para divulgar o mandato mesmo tendo uma atuação discreta.
Mário Couto ressalta, ainda, que não ultrapassou o limite dos R$ 242,5 mil a que teria direito de gastar nos seis primeiros meses do ano. “Fechei o primeiro semestre deste ano com saldo em caixa”, disse o tucano, que deixou de usar R$ 76,4 mil em 2011.
Despesas de dezembro
Com o sexto maior montante reembolsado no período – foram R$ 208,3 mil em ressarcimentos – Wellington Dias contesta o valor levantado pela reportagem, baseado em dados divulgados pelo Senado no Portal da Transparência. Candidato a prefeito de Teresina, o senador afirma que, em janeiro, teve ressarcidas despesas relativas a dezembro de 2011, e que o total não chegou a tanto.
“O valor ressarcido no período foi de R$ 185.718,69. A verba é cumulativa, e temos ainda disponível para o período, não utilizado, o valor de R$ 47.288,01.
É importante lembrar que as despesas realizadas no mês de dezembro são ressarcidas somente no ano seguinte, ou seja, no mês de janeiro. Talvez esteja aí o equívoco da reportagem ao afirmar que o senador Wellington Dias gastou mais de 200 mil no primeiro semestre deste ano”, diz a assessoria.
O gabinete do senador também ressalta que ele não alterou sua rotina no primeiro semestre e que suas despesas foram basicamente as mesmas do ano passado.
“Postura de austeridade”
Com a vantagem de não precisar voar para se deslocar entre Brasília e suas bases eleitorais, Rodrigo Rollemberg também optou por não pedir ressarcimento ao Senado por despesas com escritório de apoio, deslocamento, alimentação, contratação de consultoria ou serviços de segurança e divulgação do mandato.
Ele classifica como “uma postura de austeridade” a decisão de não utilizar a chamada cota para o exercício da atividade parlamentar (Ceap), mais conhecido como “cotão” – resultado da fusão entre a cota de passagens e a verba indenizatória.
“Entendo que o que a população quer dos políticos hoje é austeridade. Cada parlamentar tem que fazer esse julgamento, e qualquer utilização de verba deve ser feita da forma mais transparente possível, permitindo que a população conheça os gastos de seu parlamentar, e que possa julgá-lo no momento adequado”, diz Rodrigo. Para ele, o dinheiro gasto pelo Senado só se justifica se, de fato, for usado “em benefício do mandato”.
“Permanentemente, o Congresso deve estar avaliando quais são os melhores instrumentos para que o parlamentar possa exercer o seu mandato com o menor custo possível para o contribuinte”, ponderou Rollemberg, para quem determinados gastos, como o que é empregado na divulgação do mandato, por vezes se tornam excessivos quando se tem à disposição um sistema de comunicação como o do Senado, que agrega TV, rádio, impresso e internet.
“Cada um fala por si. Entendo que a TV, a rádio e a Agência Senado, à disposição do Parlamento, permitem a divulgação do parlamentar. Mas, como existe uma verba, cada um tem de usar de acordo com a sua consciência”, acrescentou o senador.
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