Renata Camargo
Membros da Comissão de Agricultura do Senado condenaram nesta terça-feira (6) as ações dos militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) que destruíram ontem (5) cerca de sete mil pés de laranja em fazenda considerada produtiva em Borebi (SP). A comissão se reúne neste momento para debater e votar emendas ao projeto que dispõe sobre índice de produtividade.
“Chega a ser pueril a discussão dos índices de produtividade, pois a terra pode estar produzindo o que estiver produzindo, mas há um desrespeito à propriedade. O que o MST fez foi um atentado contra a economia e contra a civilidade do nosso país. (…) São imagens deprimentes, demonstrando uma selvageria incomum e a prática de crime de atentado ao direito constitucional de propriedade”, considerou o presidente da comissão, senador Valter Pereira (PMDB-MS).
Cerca de 250 famílias invadiram ontem a fazenda Santo Henrique, pertencente à empresa Cutrale, uma das maiores produtoras de suco de laranja do mundo. A propriedade tem um milhão de pés de laranja. O objetivo do MST era derrubar as árvores para plantar feijão e para pressionar o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) para acelerar a reforma agrária na região.
O discurso do presidente da comissão ao condenar a ação do MST foi acompanhado por parlamentares do PSDB e do DEM presentes na reunião. A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) defendeu a necessidade de lutar pelas causas sociais, mas afirmou que “ninguém deve ser a favor do crime”.
“Ninguém pode ser contrário a movimento social, mas se alguém aqui for a favor do crime, aí sim é um assunto sério para ser discutido. (…) O país não pode passar por cima de tudo aquilo que for ético e moral”, disse Marisa Serrano, condenando também a retirada de assinaturas que derrubou a CPI do MST.
Os senadores Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Oswaldo Sobrinho (PTB-MT) também manifestaram indignação com as invasões de fazendas pelo MST. No momento das críticas, não estavam presentes na comissão senadores do PT ou outros partidos da base governista. O Congresso em Foco tentou contato com a assessoria de imprensa do MST e com representantes do movimento em São Paulo. Até o momento o site não teve retorno.