Fábio Góis
A presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), foi à tribuna do plenário responder às declarações do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) a respeito do agronegócio e da classe dos agricultores. Segundo Kátia, em versão negada pela assessoria do ministro, Patrus teria classificado os produtores rurais como “escravocratas”.
Segundo Kátia, as declarações de Patrus teriam sido proferidas na abertura da Conferência Nacional da Assistência Social, na última segunda-feira (30).
“Com muita tristeza, em 2009, por três vezes assisti a três ministros de Estado não medirem suas palavras com relação ao setor agropecuário brasileiro. Primeiro, o ministro do Meio Ambiente refere-se aos agricultores do Brasil, de Norte a Sul, como pessoas vigaristas; dois meses após, eu tive de assistir ao ministro do Desenvolvimento Agrário se referir aos produtores rurais como senhores feudais”, lamentou Kátia, que chegou a se emocionar na tribuna.
“Talvez tenham sido as palavras que mais me chocaram”, completou Kátia, para quem o ministro não poderia ter feito o que fez diante de duas mil pessoas ligadas à assistência social. “Um homem do qual todos nós sabemos a formação religiosa, os princípios, a vida honrada em Minas Gerais, sua categoria como ser humano. Por isso, me chocou tanto, por isso me desanimou tanto, por isso me indignou tanto.”
A senadora declarou que, em seu discurso na solenidade de abertura, Patrus fez críticas ao trabalho escravo – o que restaria aos trabalhadores rurais sem o Bolsa Família, segundo o ministro – e teria generalizado ao chamar os produtores rurais de “escravocratas”. “Não posso aceitar, senhor presidente, silenciosamente não posso aceitar”, disse, dirigindo-se ao senador Mão Santa (PSC-PI).
Ao defender os benefícios gerados ao país graças às atividades do setor, Kátia disse que todas as economias do país cometem erros, mas que críticas como a dos ministros não deveriam ser permitidas.
“Significamos 1/3 do PIB [Produto Interno Bruto], 1/3 do emprego, 1/3 das exportações, 1/3 da economia deste país. (…) Nós, definitivamente, não merecemos isso! Nós não merecemos esse tratamento!”, protestou a senadora, convidando Patrus a conhecer “o campo brasileiro”. “Ele, que é de um estado altamente produtor de grãos, de frutas, de carne, de café. Não renegue os seus, ministro Patrus Ananias!”
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