Fábio Góis
O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), subiu à tribuna do plenário nesta terça-feira (10) para dizer que o advogado Gerardo Xavier Santiago, ex-gerente Executivo da Previ (fundo de pensão dos servidores do Banco do Brasil), deve ser ouvido pela Casa sobre as denúncias de relação entre estatais e fundos de pensão e a montagem de dossiês contra opositores do governo. Caso vingue a ideia oposicionista, Santiago prestará esclarecimentos, na condição de convidado, à Comissão de Constituição e Justiça.
Em um plenário esvaziado – não chegou a dez o número senadores presentes, graças ao recesso branco pré-eleitoral em curso –, o tucano disse que a oposição vai usar o esforço concentrado (semana de votações para avançar na pauta legislativa), previsto para o final de agosto, para convidar Gerardo a falar sobre o caso.
Embora tenha insistido nos esclarecimentos, Alvaro ressalvou que não defenderá “instalação de uma CPI em meio ao processo eleitoral”. “Mas o fato de estarmos em meio a um processo eleitoral não nos autoriza a cumplicidade, a complacência diante de atos dessa natureza. Portanto, cabe ao Senado Federal convocar o senhor Gerardo. Que seja lá no final do mês, no início do próximo, durante o período de esforço concentrado”, disse, defendendo a adoção “medidas práticas, objetivas” após um eventual depoimento.
Em entrevista concedida à revista Veja, Gerardo Santiago confessou ter atuado em uma espécie de núcleo de montagem de dossiês – documentos comprometedores com fins políticos – sobre o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, durante a gestão deste à frente do governo de São Paulo (2007-2010), e o deputado ACM Neto (DEM-BA).
Na entrevista, Gerardo declarou também que a Previ também ajudou na arrecadação de recursos para os caixas do PT, tendo montado uma rede de conselheiros petistas (ou ligados à legenda) dispostos em empresas com participação do Fundo. O papel dos conselheiros junto às companhias era justamente interferir nas doações partidárias.
CPI nos fundos
Segundo Alvaro, a reportagem da revista semanal “revela os bastidores do governo Lula e a sua aliança com a marginalidade da ação administrativa”. “A improbidade administrativa configurada, uma vez que a estrutura da administração brasileira é utilizada indevidamente e de forma suspeita”, disse o tucano, para uma plateia de três senadores em plenário.
Lendo trechos da revista, o senador paranaense lembrou que os fundos de pensão foram investigados durante a CPI dos Correios, instalada no Congresso durante uma das mais graves crises do governo Lula – o caso do mensalão. “No entanto, a CPI se concluiu sem que essa investigação pudesse se aprofundar”, reclamou, dizendo-se estarrecido com as novas denúncias. “Agora, o que se revela, neste momento, é um fato novo. Que a Previ era uma central de dossiês não se sabia. O que revela esse Gerardo Santiago é estarrecedor.”
Na segunda (9), o líder da minoria na Câmara, Gustavo Fruet (PSDB-PR), já havia indicado que a oposição usará a delação para complicar – e não só no Congresso – a vida do governo em ano eleitoral.
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