Fábio Góis
O senador Magno Malta (PR-ES) foi alvo de processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado em 2005, acusado de envolvimento no escândalo que ficou conhecido como a “Máfia das Sanguessugas”. O parlamentar foi absolvido, mas deixou para trás um detalhe trazido à tona hoje (20), em matéria veiculada na versão on-line do jornal O Estado de S. Paulo: Magno usou um ato administrativo sigiloso para nomear o seu então segundo suplente, o pastor evangélico Nilis Castberg, em 23 de novembro daquele ano, para trabalhar no Conselho durante o processo.
O pastor exercia a função de assistente parlamentar no colegiado, ao salário de R$ 2,3 mil, e, segundo o jornal paulista, funcionava como uma espécie assessor secreto de Magno, sem despertar atenção. Apesar de ter sido formalizado em 23 novembro de 2005, o ato que determinou a nomeação de Nilis só foi veiculado no Boletim Administrativo do Senado em 14 de maio, assinado pelo ex-diretor-geral da Casa Agaciel Maia.
“O senador me disse: ‘Você tem que trabalhar no conselho, onde estão contratando’. Foi um período em que o conselho esteve muito tumultuado, naquele tempo dos sanguessugas. Eu fazia de tudo, carregava papel, dava assistência ao pessoal, essas coisas”, disse o pastor evangélico, presidente do PRB do Espírito Santo, ao jornal paulista.
O caso da Máfia das Sanguessugas consistia em um esquema de venda de ambulâncias superfaturadas para prefeituras que teriam beneficiado a empresa Planam, do empresário Antônio Vedoin, por meio de emendas parlamentares. Em agosto de 2006, Magno Malta foi acusado de ter recebido da Planam para fazer excursões com sua banda de música gospel, Tempero do Mundo. A contrapartida seria a apresentação de emenda no valor de R$ 1 milhão em favor da empresa.
Magno chegou a ser indiciado pela Polícia Federal em maio de 2007, pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupão passiva. O Supremo Tribunal Federal anulou a decisão da PF sob o argumento de que não teria prerrogativa de indiciar suspeitos com foro privilegiado – caso do senador Magno.
O Congresso em Foco tentou falar ao telefone com o senador e com sua assessoria, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
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