Tanto Walter Pinheiro quanto Paulo Paim sinalizam estar de saída do PT. No caso de Paim, como este site noticiou em 28 de maio, a hipótese de permanência depende de contrapartida do PT, o que não parece estar em curso. No começo de junho, nem um nem outro compareceu ao 5º Congresso do PT, em Salvador (BA), o que reacendeu a expectativa de desfiliação. Partidos como PSB, PDT e até a Rede Sustentabilidade estão na disputa pelo mandato dos parlamentares.
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Nos discursos de hoje (quarta, 16), a insatisfação voltou à tona. “A pergunta que todos fazem é só esta: você vai votar a favor ou contra a CPMF? É óbvio que eu vou votar contra. Não quero votar um projeto aqui, ali, acolá. Não é esse o intuito, eu quero conhecer um projeto que tenha início, meio e fim”, anunciou o senador, completando o discurso com o que pareceu ser um recado.
“Não estou preocupado em salvar a pele de ninguém, muito menos a nossa, Paulo Paim”, acrescentou o parlamentar baiano, dirigindo-se ao colega de partido.
Walter Pinheiro lembrou ter ido “às ruas pedir votos para este governo” e disse nem ter dormindo para poder comparecer à posse do novo mandato de Dilma Rousseff, em 1º de janeiro, e disse que a condução da política econômica agora o obriga a contestar o Planalto. Presidente da Comissão Especial para o Aprimoramento da Pacto Federativo no Senado, que busca soluções para as severas restrições de caixa de estados e municípios, o petista reclamou também da postura da equipe econômica.
“De lá para cá, fizemos várias reuniões com o ministro [da Fazenda, Joaquim] Levy, que quando vinha aqui era só para nos pedir para não votar matérias”, reclamou o senador, relatando entrevistas à imprensa e voltando a criticar o modelo de combate à crise. “Qual é o rumo? Com quem a gente conversa? O rumo não pode ser, pontualmente, o envio de matérias! Ou melhor, nem envio: o anúncio de matérias na quinta, com mudanças sobre esse conteúdo no sábado e a apresentação de outro tema na segunda! E de forma pontual! E na mesma cantilena: impostos, impostos, impostos, impostos!”
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Em aparte a Walter Pinheiro, Paim também reclamou da interlocução presidencial. Com a sessão plenária presidida por outro petista, Jorge Viana (AC), e presenciada pelo líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE), Paim também fez duras reclamações contra o governo – chegou a falar em “grito de liberdade” em relação à gestão Dilma.
“O que eu sinto e gostaria muito, muito mesmo, vossa excelência está dando o que eu chamaria – vi num filme do Mandela – quase que o ‘grito de liberdade’ da tribuna. Mas a liberdade no sentido mais amplo, a liberdade do diálogo, da fala, do entendimento, da construção, da proposição. Vossa excelência está pedindo para dialogar com o nosso governo, que não tem dialogado”, fustigou o senador, passando a detalhar sua crítica.
“O que estamos expressando é o que grande parte da bancada [do PT] expressa em todas as conversas, só que alguém num determinado momento começa a falar o que pensa, como vossa excelência está fazendo agora. Nós queremos é dialogar! Querem mexer na Previdência? Sentem conosco antes, pelo amor de Deus! Querem mandar, como no final do ano, aquelas duas medidas provisórias, chamem-nos. Viríamos dos estados para conversar”, acrescentou.