A revista IstoÉ desta semana revela detalhes do depoimento do ex-ministro da Previdência Social Amir Lando a Procuradoria Geral da República sobre como se deu o acerto, arquitetado por Marcos Valério de Souza, para irrigar com R$ 1 bilhão os projetos de poder do PT. No último dia 03, o senador Amir Lando (PMDB-RO) foi espontaneamente à sala do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e contou o que sabia.
Amir Lando explicou como o BMG recebia privilégios no milionário negócio do crédito consignado. De acordo com a revista, “os acertos com o BMG para operar o crédito consignado são o elo de uma conexão maior: a que transformava a Previdência Social em um festival de brechas e irregularidades que desviava, segundo cálculos de uma investigação que pediu à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em 2004, R$ 30 bilhões por ano”.
IstoÉ informa que depois de conversar com Amir Lando, o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal um pedido formal para que siga adiante a investigação sobre o escândalo do mensalão. O pedido traz os depoimentos formais de Lando e do ex-presidente do INSS Carlos Bezerra.”A Previdência era um queijo suíço. E, olhando agora de longe, a gente percebe que tudo o que ali aconteceu se encadeia”, disse Amir Lando na conversa com Antonio Fernando de Souza.
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De acordo com Lando, toda essa negociação de crédito consignado foi coordenada pelo ex-ministro José Dirceu. “A coisa não passava pelo Ministério. Era articulada na Casa Civil e operada diretamente no INSS”, afirmou. Segundo a reportagem, o ex-ministro deu pistas sobre como o BMG ganhou a liderança do negócio do crédito consignado. “Numa reunião fechada da CPI do Mensalão, o próprio Valério disse que o BMG era um banco ligado ao PT”, informou ele, no depoimento informal.
Lando explicou que o acerto foi feito com o BMG porque o banco já tinha experiência com crédito consignado em prefeituras do PT e associações sindicais. O senador declarou que várias vezes ouviu rumores de que estavam em curso “cobranças de vantagens” para possibilitar a habilitação dos bancos.