A comissão de sindicância instalada para examinar cada um dos 663 atos administrativos secretos confirmados ontem (terça, 23) terá uma incumbência extra. Por determinação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o colegiado investigará também a suposta conta bancária paralela denunciada pelo senador Renato Casagrande (PSB-ES). A notícia foi reportada pelo primeiro secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI).
Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado, Casagrande denunciou a existência de duas contas paralelas da Casa na Caixa Econômica Federal (CEF). Os recursos chegariam a R$ 3,7 milhões, distribuídos em uma conta corrente e uma caderneta de poupança. (leia mais)
“As instituições públicas precisam ter tesouraria única, conta única vinculada ao Tesouro Nacional. As instituições públicas funcionam dessa forma, essas contas são lançadas no sistema financeiro do Brasil, para que haja um controle financeiro sobre as instituições”, declarou Casagrande, acrescentando que as contas são gerenciadas paralelamente, o que não seria adequado aos procedimentos da administração pública.
A existência de contas paralelas foi detectada por técnicos Consultoria de Orçamento, Fiscalização e Controle do Senado, a pedido de Casagrande – que, além de pronunciamento em plenário, encaminhou ofício a Sarney para que o assunto fosse investigado.
Para o primeiro secretário do Senado, responsável pelas movimentações financeiras da instituição, o caso é grave e, “se comprovado, merece punição exemplar”. “É preciso que se apure a natureza dessa conta, quem abriu, quem é o responsável pela sua movimentação”, disse o senador, com a ressalva de que a conta paralela pode servir a um propósito meramente burocrático.
“A princípio, pode não significar nada, pode ser uma conta-movimento com recursos de origem determinada. Mas cachorro mordido de cobra corre com medo de salsicha”, metaforizou o parlamentar piauiense, acrescentando que “todo cuidado é pouco” com qualquer tipo de denúncia, para que a crise que acomete há meses o Senado não seja intensificada.
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