Segundo o relator da resolução aprovada, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), os herdeiros de Prestes não têm direito a benefícios financeiros, como remuneração que ele receberia pelo restante do mandato ou pensão. No entanto, a viúva do ex-senador, Maria Prestes, terá direito a utilizar a assistência médica garantida, de maneira vitalícia, a senadores e ex-senadores, bem como aos seus dependentes.
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“A resolução presta reconhecimento a uma das personalidade mais marcantes do nosso país, que é reverenciada até hoje por suas atividades políticas e militares, caracterizada pela defesa do nacionalismo e das camadas mais pobres da sociedade”, afirmou Valadares em discurso no plenário da Casa.
Para a deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o Senado promove um “ato de justiça”. “Estamos resgatando a história do Brasil. Quem tem mandato eleito pelo povo não pode ter seu mandato retirado de forma arbitrária. É um resgate da história brasileira”, disse.
Segundo o autor da proposta, Inácio Arruda (PCdoB-CE), a revogação da extinção do mandato de Prestes busca reparar uma “mácula política” de um “ato antidemocrático” com a cassação de um parlamentar eleito pelo povo. “A revogação tem sentido simbólico, mas o aspecto político é importante. É um passo para a consolidação da democracia que naquele episódio foi gravemente ferida”, disse o senador ao Congresso em Foco.
“Cavaleiro da Esperança”
PublicidadeO Partido Comunista Brasileiro teve o registro cassado no governo Eurico Gaspar Dutra, em maio de 1947, como consequência da tomada de posição do Brasil em favor dos Estados Unidos na Guerra Fria com a União Soviética. Duas décadas antes de chegar ao Senado, Prestes liderou um movimento político-militar, entre 1925 e 1927, batizado de Coluna Prestes. Formado, sobretudo, por capitães e tenentes de classe média, o movimento percorreu o interior do país, por mais de 25 mil quilômetros, pregando reformas políticas e sociais e combatendo os governos de Arthur Bernardes e Washington Luís. Na liderança da marcha, que reuniu mais de 1,5 mil homens, Prestes ganhou o apelido de “Cavaleiro da Esperança”.
Depois de morar na Bolívia e na União Soviética, foi anistiado com a queda do Estado Novo. Elegeu-se senador com 157.397 votos, a maior votação proporcional do país até então. Com a cassação do registro do Partido Comunista do Brasil, a Câmara e o Senado decidiram cassar o mandato dos representantes comunistas, antes mesmo que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisasse o recurso apresentado pela legenda. Após o golpe militar de 1964, ele voltou para a União Soviética e só voltou ao Brasil em 1979, com a Lei da Anistia.
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