Fábio Góis
A quebra de sigilo telefônico do aparelho celular funcional do senador Tião Viana (PT-AC) será investigada no Senado. O primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI), determinou nesta quarta-feira (8) ao diretor-geral, Alexandre Gazineo, instalação de sindicância interna para apurar como foi feito o vazamento dos dados para a imprensa referentes ao mês de janeiro, quando o petista emprestou o telefone para a filha, que o utilizou em viagem ao México.
O telefone foi usada pela filha de Tião durante 20 dias no México (entre 2 e 22 daquele mês), e resultou em uma conta de R$ 14,7 mil, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo. O senador, que havia recusado divulgar o valor, repôs a despesa ao Senado, embora os números cedidos aos senadores não tenham limite de gasto (só no ano passado, foram cerca de R$ 500 mil com contas de celular).
Atingido pelas denúncias e incomodado com a repercussão, Tião chegou a subir à tribuna do plenário para revelar seus gastos com serviço de saúde do Senado desde 1999 (leia) – mas sem tocar no assunto do telefone. Ao jornal paulista, o petista disse que agiu de forma “paternal” ao emprestar o aparelho à filha.
“Eu cometi um erro, paguei caro por esse erro e juro que foi a única vez em que emprestei o celular. Minha decisão foi tomada por puro instinto paternal, querendo manter contato com minha filha pelo fato de que ela e uma amiga atravessaram o México em uma viagem de ônibus”, declarou Tião.
Segundo Gazineo, o episódio envolvendo Tião é menos grave do que o de alguns senadores, uma vez que a conta acima mencionada “está longe de ser das maiores”. Além disso, trata-se da primeira vez que o petista incorre no deslize.
A direção-geral já abriu sindicância para saber em que circunstâncias o ex-diretor da Secretaria de Telecomunicações Carlos Roberto Muniz elaborou uma espécie de dossiê com as contas telefônicas dos senadores – no documento, anotações feitas à mão registram o percentual irregular referente ao valor total das ligações. Muniz foi exonerado do posto na semana passada pelo primeiro-secretário.