“Tem como colocar cheiro nas imagens?” Foi com essa ironia que um ex-diretor do Senado referiu-se, em queixa feita ao Congresso em Foco, às imagens captadas pela reportagem na última quarta-feira (16 de fevereiro). Num ponto entre o prédio em que leis são elaboradas e o palácio em que elas são sancionadas e executadas, um esgoto jorra água suja e fétida. Era uma manhã rotineira, temperatura superior aos 30 graus, quando o servidor, ao chegar ao Senado para mais um dia de trabalho, deparou com a fossa a céu aberto. Diante do mau cheiro e da sujeira, ele resolveu denunciar o que interpretou como descaso do Governo do Distrito Federal com o saneamento da cidade.
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De um cano de cimento, a água jorra em um descampado de cerca de 400 metros localizado entre dois estacionamentos que pertencem à Presidência da República. O terreno baldio fica ao lado de um dos estacionamentos dos anexos do Senado, separado por uma cerca, e contíguo àqueles sob responsabilidade do Planalto. Segundo o vigia terceirizado que cumpria jornada de 12 horas no local, os responsáveis pelo setor de serviços gerais do Planalto (a área fica atrás do prédio-mor do Executivo) não têm o costume de vistoriar o matagal.
Assim, a água apodrecida jorrava sem parar, em erupção de horas a fio, formando uma poça fétida ao redor da fossa de cimento – como os dejetos líquidos estavam em ação desde a manhã daquela quarta-feira, e até a visita da reportagem mantinham seu “curso” firme (já no final da tarde), há a possibilidade de que tenham ficado por mais de 24 horas naquela situação. Pouco mais de um metro separa o esgoto da cerca do estacionamento usado por servidores e visitantes do Senado.
Qual é o endereço?
Contatada por telefone, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) fez questão de manter viva a chama da burocracia brasileira. Informada da existência do esgoto a céu aberto, perguntou se já havia uma “ordem de serviço” para o problema e qual era o endereço (!) do Palácio do Planalto. Mesmo depois de informada que o problema ocorria nos fundos do prédio, do lado que não se vê da Praça dos Três Poderes, a Caesb insistia: “A gente precisa do endereço exato, por causa do sistema”. Não se sabe se, ou quando, a Caesb verificou a existência do problema.