A Polícia Legislativa do Senado deteve nesta quinta-feira (20) a turista pernambucana Irma Sampaio, por suspeita de atentado ao pudor. Juntamente com outros dois jovens, ela tirava fotos apenas de biquini na rampa principal do prédio do Congresso. Irma e os também pernambucanos Luiz Otávio Carvalho e Maria da Conceição Cardoso vieram à capital para participar do 45º Festival de Cinema de Brasília, e aproveitaram para tirar fotos no local, quando foram abordados e levados a uma sala da delegacia legislativa, onde prestaram depoimento por pouco mais de 30 minutos e tiveram sua máquina fotográfica vasculhada pelos agentes de segurança.
Em seguida, os três foram liberados. Eles foram detidos porque, em determinado momento, Irma levantou a saia que usava e ficou apenas de biquini. A segurança imaginou que sua intenção fosse fazer fotos eróticas em frente ao Congresso. “Vimos as fotos. Não há nada que caracterizasse ato obsceno”, disse o diretor da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo Araújo, acrescentando que os jovens também tiraram fotos similares no Palácio do Planalto.
Leia também
Ao Congresso em Foco, Irma disse que o ensaio fotográfico era um projeto artístico do grupo. Por essa versão, Irma era retratada com máscara que faz referência ao “papangu”, figura do folclore pernambucano muito festejada durante o Carnaval. O policial legislativo disse, com base no depoimento, que os jovens pertencem a um “grupo de teatro” chamado Papangu – que, na verdade, dá nome a antigos foliões que, usando máscaras para não serem reconhecidos, promoviam algazarras e se comiam (ou “papavam”) angu, de acordo com a cultura de municípios interioranos de Pernambuco, como Bezerros.
“Foi um susto danado”, disse Irma à reportagem, sem querer dar mais detalhes sobre o ocorrido. Muito nervosos, Luiz Otávio e Maria da Conceição também não quiseram falar sobre o que aconteceu, tampouco dar informações sobre o propósito das fotos. Deixando o Senado rumo ao Palácio do Planalto, eles eram acompanhados por cinegrafistas e fotógrafos.
Depois da vistoria na máquina fotográfica, agentes do Senado passaram a fazer uma pesquisa sobre possíveis registros policiais dos jovens. Nada foi encontrado. Segundo a Polícia do Senado, o procedimento é praxe, e tem caráter de precaução. “Imagine se a gente traz as pessoas pra cá, não investiga, e depois solta. E se elas tiverem algum problema? Se tiverem, a gente encaminha à autoridade competente”, explicou um dos policiais do Senado.