A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado decidiu chamar autoridades diretamente ligadas à Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, para falar sobre as motivações e as consequências das investigações para a indústria e o comércio brasileiros.
Foram convidados os ministros Blairo Maggi (Agricultura), Osmar Serraglio (Justiça), Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) e Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. Durante as discussões, os senadores demonstraram irritação com as ações da Polícia Federal, consideradas por eles exageradas e nocivas ao mercado de carnes.
O governo age para tentar minimizar os efeitos da operação na economia. A União Europeia, Hong Kong e a China já anunciaram embargo à importação de carne brasileira. O presidente Michel Temer tem conversado com autoridades estrangeiras para amenizar as perdas às exportações do setor pecuário.
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Blairo deve ser o primeiro a ser ouvido. A audiência com o ministro da Agricultura deve ser realizada nesta quarta-feira (21), em conjunto com a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). Para ele, a PF demonstrou falta de conhecimento sobre as regras que regem o setor ao condenar, por exemplo, o uso de ácido ascórbico na mistura de alimentos, de papelão em lotes de frango e de carne de cabeça de porco.
“Essa questão do papelão, está claro no áudio que estão se falando de embalagens e não falando de misturar papelão na carne. Senão é uma idiotice, uma insanidade, para dizer a verdade. As empresas brasileiras investiram alguns milhões, milhões e milhões de dólares dos seus mercados, há mais de dez anos, para consolidar mercado, e aí você pega uma empresa que é exportadora e vai dizer que misturou papelão na carne? Pelo amor de Deus. Não dá para aceitar esse tipo de situação”, disse.
Blairo afirmou que “está escrito no regulamento” que a carne de cabeça de porco pode ser utilizada em embutidos, diferentemente do que informou a PF. Ele disse, ainda, que o ácido ascórbico, divulgado como cancerígeno, “é vitamina C e pode ser utilizado em processos”.
“A narrativa nos leva até a criar fantasias. Não estou dizendo que não tenha sentido a investigação. Com toda certeza tem. Quando estamos falando ‘fiquem tranquilos’ é porque a gente conhece a maior parte do nosso sistema, 99% dos produtores de alimentos fazem as coisas transparentes, fazem as coisas certas”, declarou o ministro.