O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (29) que a Previdência Social suporta mais três, quatro anos. “Se não fizer agora [a reforma], daqui a três anos tem que fazer porque senão daqui a sete nós paralisamos o país”, disse o presidente na abertura do 10° Brazil Conference do Bank of America Merril Lynch, em São Paulo.
“Todos os estudos científicos, estatísticos, revelam que, se não houver uma reformulação previdenciária, em 2024, nós só teremos verba pública para pagar servidores públicos e a Previdência. E 2024 é amanhã, é daqui a sete anos”, justificou Temer. “Então, não pensem em investimento de nenhuma maneira, não pensem em programas sociais.”
“Não é que o governo queira enfrentar temas difíceis. Nós poderíamos ter chegado ao governo e dizer: nós temos dois anos e oito meses de governo. Vamos deixar tudo como está e vamos deixar para o futuro. O futuro que cuide disso porque a Previdência ainda suporta dois, três, quatro anos, quem sabe. Tendo prejuízos monumentais, mas não destrói o país”, afirmou o presidente. O discurso foi fechado para a imprensa, mas o conteúdo foi divulgado pela assessoria do Palácio do Planalto.
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Ele citou exemplos de alguns estados em que a “imprevidência social” teria levado a “situações dramáticas”. “É o caso do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, cuja previdência social abalou as finanças estaduais. Todos vem pedir para a União auxiliá-los, tendo em vista a não formatação de uma adequação previdenciária correta nos estados”
Temer disse que o governo fazendo regras de transição que permitem que, “muito proximamente, as finanças públicas possam estar mais equilibradas e não gerem o que gerou na Grécia, em Portugal, na Espanha, na França – países que foram obrigados a reduzir o valor da aposentadoria e do salário dos servidores públicos”.
“Se não fizer agora, daqui a três anos tem que fazer porque senão daqui a sete nós paralisamos o país. Então, é preciso aproveitar esse momento em que nós temos o apoio do Congresso Nacional para fazermos essa reforma previdenciária, que não vai prejudicar ninguém. Há um ou outro fato, a questão dos trabalhadores rurais, a questão dos deficientes, que eu compreendo, nós podemos negociar, de modo a aprovar a reforma”, argumentou.
Ele contestou, também, a tese de que a economia irpa para baixo se não acontecer a reforma. “Não é bem verdade isso. Agora, se fizermos a reforma, a economia continuará a subir. Nós pegamos o país com mais de 10% de inflação e, em pouquíssimo tempo, hoje está em 4,8%. Até o final do ano estaremos abaixo do centro da meta, talvez próximo do 4%. Portanto, controlada a inflação no país. Ao mesmo tempo, a taxa selic, daqui a algum tempo pode chegar a um dígito. Então, é um governo que dialoga e, ao mesmo tempo, tem a chamada responsabilidade fiscal”.