Pesquisa Datafolha concluída ontem revela que o presidente Lula poderá ser reeleito já no primeiro turno caso o PMDB confirme a intenção de não lançar candidato ao Palácio do Planalto. Sem um nome do PMDB no páreo, Lula venceria com 45% dos votos, contra 22% de seu principal concorrente, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), ficando com 54% dos votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos) se as eleições fossem hoje.
A simulação, realizada após os ataques criminosos a presídios e postos policiais de São Paulo, mostra um aumento na vantagem de Lula sobre o tucano de 20 para 23 pontos percentuais. Em abril, o presidente tinha 43% dos votos contra 23% de Alckmin.
Os números do Datafolha não diferem muito da pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem (leia mais). O levantamento aponta vitória de Lula já no primeiro turno em todas as simulações. A grande diferença ficou por conta dos índices de rejeição. Enquanto a pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes indica que 40,6% dos eleitores não votariam de forma alguma no tucano e 34,7% no petista, o Datafolha mostra dados inversos – 27% dizem que não votariam em Lula de jeito nenhum, e 14%, em Alckmin.
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Segundo o Datafolha, Lula ainda teria chance de ser reeleger em primeiro turno no cenário em que o ex-governador do Rio Anthony Garotinho aparece como candidato do PMDB. O presidente teria 43% dos votos, contra 21% de Alckmin e 7% de Garotinho, que teve seu pior desempenho desde dezembro de 2004. As denúncias de corrupção e a greve de fome tiraram votos de Garotinho. Em abril, ele contava com 15% das intenções de voto. O presidente, assim, obteria 51% dos votos válidos, mas a margem erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Nos dois outros cenários traçados com candidatos do PMDB, Lula também desponta como favorito para levar a disputa no primeiro turno. Com o senador Pedro Simon (ES), o petista teria vitória certa: 44% contra 22% de Alckmin e apenas 2% de Simon. Já o ex-presidente Itamar Franco chegaria a 6% dos votos, enquanto Lula teria 43% e Alckmin, 21%. Aqui, Lula também obteria 51% dos votos válidos, mas a margem de erro torna incerta a previsão de encerrar a eleição na primeira rodada.
Nas quatro simulações, a senadora Heloisa Helena (Psol-AL) oscila entre 6% e 7% das intenções de voto. Roberto Freire (PPS) mantém um índice de 2% em todos os cenários. Também é estável, em 1%, a pontuação de Cristovam Buarque (PDT). Enéas (Prona) tem entre 3% e 4% dos votos e Eymael (PSDC), 1%. O número de eleitores indecisos é de 7% nas quatro hipóteses investigadas pela pesquisa. Os que votariam em branco ou anulariam o voto variam entre 9% e 11%.
Segundo turno
O levantamento mostrou que Lula venceria tanto Alckmin como Garotinho num eventual segundo turno. Contra Alckmin, Lula venceria por 52% a 35% –uma diferença de 17 pontos. Em abril, a pesquisa mostrava que a vantagem de Lula sobre Alckmin no segundo turno era de 15 pontos. No cenário contra Garotinho, Lula venceria por 57% a 24% das intenções de voto–diferença de 24 pontos. Em abril, a diferença era de 22 pontos.
Rejeição a Lula é o dobro
Apesar de liderar a corrida pela Presidência, Lula tem quase o dobro do índice de rejeição de Alckmin. Dos entrevistados pelo Datafolha, 27% dizem que não votariam em Lula de jeito nenhum, e 14%, em Alckmin. Na pesquisa anterior, realizada em abril, esses índices eram de 29% e 17%, respectivamente.
Lula é mais rejeitado que Alckmin em todas as regiões, com exceção do Nordeste, onde há empate técnico – 18% para o tucano e 16% para o petista. No geral, os campeões da taxa de rejeição são Enéas (com 35%) e Garotinho (com 33%).
Após ataques, Alckmin cai em São Paulo
Foi a primeira pesquisa feita pelo Datafolha após os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Estado de São Paulo, governado até 30 de março por Alckmin. O levantamento mostrou, na cidade de São Paulo, uma queda de seis pontos percentuais nas intenções de voto em Alckmin, que passou de 47% para 41%. Em contrapartida, Lula ganhou cinco pontos, subindo de 30% para 35%. O peso específico da capital paulista no eleitorado nacional é de 6,4%.
A pesquisa mostra uma polarização dos eleitores com menos renda e nordestinos votando em Lula. Os de maior renda e paulistas, em Alckmin. Entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos (R$ 700), Lula tem 49% das intenções de voto, contra os 17% de Alckmin. No Nordeste, fortemente atendido pelo Bolsa-Família, o presidente tem 60%; Alckmin, 12%.
Avaliação do governo segue estável
Segundo o Datafolha, a avaliação do governo Lula não teve alterações: 39% consideram o desempenho do presidente ótimo ou bom, para 37% ele vem sendo regular e para 22% o petista faz um governo ruim ou péssimo. Em abril, 37% consideravam Lula ótimo ou bom, 38% achavam o governo regular e para 23% ele fazia um governo ruim ou péssimo. A nota média atribuída ao governo, em uma escala de zero a dez, é 6,1; em abril, era 6,0.
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