Fábio Góis
A Câmara dos Deputados começou a segunda-feira (13) sem uma atividade que, embora básica, é considerada essencial por servidores e parlamentares: o serviço de copa. Apesar de previsto para terminar em 21 de dezembro, o contrato assinado pela Casa com a Capital Empresa de Serviços Gerais LTDA., responsável pelo setor, foi encerrado na última sexta-feira (10), no final do dia, sem providências de precaução. O valor contratualmente estabelecido para a execução das atividades foi de R$ 5,8 milhões.
Com a interrupção provisória das atividades (e ainda sem data para reinício), ficarão sem os serviços de copa os 513 gabinetes parlamentares, com as respectivas estruturas de pessoal, além dos diversos setores da administração institucional distribuídos em quatro anexos. Além disso, com o fim do contrato, ficam sem trabalho os cerca de 1.200 empregados da Capital.
A assessoria de imprensa da Câmara informou à reportagem que a interrupção do contrato, assinado em 22 de dezembro de 2008, partiu da própria família do proprietário da Capital, Wilson Lemos – morto em abril deste ano. “A Câmara até conversou com eles para tentar manter ao máximo o contrato com a Capital”, confirmou a assessoria, acrescentando que os familiares de Wilson não tiveram interesse em dar continuidade à prestação de serviços. “Unilateralmente, eles decidiram encerrar o contrato.”
Como mostrou em 13 de junho matéria deste site, a empresa – que tem contratos também em diversos ministérios, para as mais diversas atividades – deixou de pagar seus empregados nos últimos meses (leia mais). “Eles estavam sem pagar os funcionários há algum tempo”, acrescentou a assessoria da Câmara, lembrando que a própria Casa chegou a custear parte dos salários para manter o funcionamento dos principais serviços.
A assessoria de imprensa adiantou ainda que está prevista para a próxima sexta-feira (17) a realização de um pregão eletrônico para a escolha da nova empresa, e que as atividades podem ser retomadas na próxima semana. Como define o contrato firmado (e quebrado) com a Capital, a empresa ficará responsável pela “prestação de serviços nas áreas de copa nos prédios administrativos da Câmara dos Deputados, e de copa, cozinha e de limpeza e conservação na residência oficial”.
Água
Na última sexta-feira (10), a Zeladoria da Câmara, responsável pelos serviços terceirizados, encaminhou comunicado aos funcionários do setor de copa informando-lhes que não precisavam trabalhar hoje (segunda, 13). Segundo um servidor da Casa, que não quis se identificar, a informação chegou de surpresa, no final do dia.
De acordo com o servidor, ascensoristas e outros funcionários da Câmara precisaram ir aos gabinetes para poder beber água, interrompendo suas atividades. Não há bebedouros nos andares do anexo 4 da Casa, por exemplo, onde há grande fluxo de funcionários nos elevadores. Os próprios gabinetes tiveram de providenciar serviços que são diariamente prestados pelo setor de copa. “Tá todo mundo tendo de lavar copo na pia do banheiro.”
“A zeladoria deveria ter feito um contrato emergencial. O diretor-geral [Sérgio Sampaio] é muito passivo”, acrescentou o servidor, lembrando que está em curso em Brasília um encontro de prefeitos – que, por motivos óbvios, costumam visitar os correligionários na Câmara. Promovida pela Confederação Nacional dos Municípios, com apoio da Frente Nacional dos Prefeitos, a Marcha dos Prefeitos deve reunir nesta semana cerca de 4 mil pessoas, entre prefeitos e assessores.
Em dias movimentados – principalmente nas terças, quartas, e quintas-feiras, quando há sessões deliberativas – cerca de 25 mil pessoas visitam a Câmara, em média.
No início desta tarde, a reportagem tentou ouvir o diretor-geral da Câmara, mas sua assessoria informou que ele estava em reunião e não poderia falar. Um telefone de contato foi deixado para retorno, o que não aconteceu até a publicação desta matéria.
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