Na carta, destinada ao presidente interino Michel Temer, os artistas classificam a extinção do Ministério da Cultura como um retrocesso de 30 anos. Segundo eles, o enxugamento da máquina administrativa não justifica o desmonte de uma estrutura dedicada à guarda e preservação da identidade nacional.
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O nome do novo secretário nacional de Cultura foi anunciado ontem pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, após a recusa de diversas mulheres, como a jornalista Marília Gabriela, a atriz Bruna Lombardi e a cantora Daniela Mercury. Aos 33 anos, Marcelo Calero comandará o setor em nível nacional, no novo arranjo ministerial definido pelo presidente interino Michel Temer – com a estrutura do Ministério da Educação integrada à pasta de Educação.
Em seu pronunciamento, Calero defendeu o diálogo com os representantes do setor. “As pessoas sabem que eu sou diplomata de formação, por essa razão inclusive o diálogo e o entendimento fazem parte da minha trajetória”, disse o novo secretário.
Em meio a uma onda de reclamações, Mendonça Filho defendeu a fusão das pastas da Educação e da Cultura. Motivo de ocupações de espaços culturais Brasil afora, o arranjo ministerial tem sido alvo de críticas principalmente por parte de artistas, produtores culturais e gestores ligados à área cultural. E, como este site mostrou no último sábado (14), o próprio Mendonça virou alvo de protestos.
“O que na ótica de alguns seria um fato negativo para a cultura do Brasil, eu insisto que fortalecerá e incrementará toda a política cultural, na medida em que a política educacional tem tudo a ver com a política cultural”, argumentou o ministro. Para ele, a área da cultura se beneficiará com a capilaridade das polícias educacionais.
Veja a íntegra da carta dos artistas a ser entregue a Temer:
“Às vésperas das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, o setor cultural recebe com repúdio a Medida Provisória que extinguiu o Ministério da Cultura. Este ato promoveu um retrocesso de 30 anos. O MinC é uma conquista da sociedade brasileira e não pode deixar de existir, especialmente num cenário de ausência completa de debate com os interlocutores necessários.
A alegada demanda por uma máquina pública enxuta não pode ser implementada à custa do desmonte de estrutura dedicada à guarda e preservação da identidade nacional.
Encaminhamos este documento público para expressar a fundamental importância da permanência do Ministério da Cultura, como órgão superior e nacional para formulação de políticas a altura da relevância de um projeto de cidadania e desenvolvimento.”