A Secretaria de Saúde do Distrito Federal rebateu, nesta quarta-feira (20), nota divulgada pelo Sindicato dos Médicos (Sindmédico) que aponta cenário de “caos” na saúde pública da capital federal. Em mensagem ao Congresso em Foco, a secretaria admite problemas, “alguns graves”, mas contesta os exemplos citados pelo Sindmédico e acusa a entidade de tentar tirar “proveito da situação política” com “denúncias infundadas”.
Entre os casos mencionados pelo sindicato, está a falta de cobertor, de marca-passo e de medicamentos básicos para pacientes de hospitais públicos do Distrito Federal. A Secretaria de Saúde refuta a existência desses problemas.
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A saúde está no centro da crise política local desde o último fim de semana, após a divulgação de reportagem da revista IstoÉ com áudio em que o vice-governador, Renato Santana, e a sindicalista Marli Rodrigues, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (SindSaúde), falam sobre a existência de um esquema de corrupção na área.
Os dois devem ser ouvidos pela CPI da Saúde nesta quinta-feira (21) na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Em seu comunicado, o Sindmédicos cobra explicações do governador, Rodrigo Rollemberg, sobre as denúncias feitas por seu vice. “Não existe corrupção mais nefasta, mais hedionda, mais impiedosa do que a corrupção na Saúde”, escreveu o presidente da entidade, Gutemberg Fialho.
“Até o momento, surgiram duas gravações de conversas que lançam suspeitas sem, contudo, detalhar que irregularidades teriam sido cometidas, quem foram os beneficiados, quem foram os prejudicados, que eventual prejuízo se causou ao erário. Enfim, nada concreto”, diz a secretaria. “A atual gestão da Secretaria de Saúde não tem qualquer tolerância com malfeitos e, no caso de qualquer denúncia concreta que houver, vai apurá-la com rigor”, completa a nota.
Leia a íntegra da nota da Secretaria de Saúde:
“A Secretaria de Saúde repudia que o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal busque tirar proveito da situação política para fazer denúncias infundadas.
Até o momento, surgiram duas gravações de conversas que lançam suspeitas sem, contudo, detalhar que irregularidades teriam sido cometidas, quem foram os beneficiados, quem foram os prejudicados, que eventual prejuízo se causou ao erário. Enfim, nada concreto. A atual gestão da Secretaria de Saúde não tem qualquer tolerância com malfeitos e, no caso de qualquer denúncia concreta que houver, vai apurá-la com rigor.
Quanto aos exemplos de ‘caos’ na saúde descritos na nota, a Secretaria de Saúde informa:
– O Hospital psiquiátrico São Vicente de Paula tem 250 cobertores em estoque e 150 cobertores em uso. Ou seja, tem quase o dobro da necessidade em estoque. Além disso, foram comprados 400 agasalhos no mês de julho, ao custo de R$ 8 mil, o que é o suficiente para atender às necessidades de todos os seus pacientes.
– A Secretaria de Saúde tem marca-passos em estoque. Não precisaria retirar marca-passo de um paciente para atender a outro. Esses equipamentos são ofertados no Hospital de Base e no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal.
– Quanto às enzimas cardíacas, há um processo licitatório para a aquisição. Enquanto não se conclui, o Instituto de Cardiologia tem realizado os exames para a assistência subsequente. Os reagentes para testes de hemogramas estão disponíveis na rede.
– A rede de saúde dispõe de medicamentos analgésicos em estoque.
– Há, de fato, alguns problemas de oferta de órteses e próteses, mas não se referem a todos os tipos. No caso da prótese de quadril, há um processo regular de aquisição em fase de estimativa de preços públicos, conforme orientação do Tribunal de Contas, para atendimento da crescente demanda da secretaria.
– No Hospital de Base, um dos dois tomógrafos está em operação. Os casos de urgência são priorizados. A Secretaria de Saúde está em processo de contratação de novas empresas para a manutenção não apenas dos tomógrafos do Hospital de Base, mas de toda a rede.
A Secretaria de Saúde não nega a existência de problemas. E reconhece que alguns são, de fato, graves. Fatos que decorrem de problemas históricos na administração da saúde. Atualmente, esses problemas têm sido enfrentados com coragem pela atual gestão. Para citar apenas um ponto, que é histórico, está em curso a licitação para a alimentação dos hospitais da rede. Há mais de dez anos, não era feita licitação nessa área.”
Sindicato dos Médicos denuncia caos na saúde do Distrito Federal